A importância
estratégica do conhecimentodo território na formação de um sistema defensivo: o
caso de Sintra (portugal) durante o período Islâmico
Resumo
Focando
o exemplo de Sintra durante o Período Islâmico, procura-se compreender como o
conhecimento do território pesou na estratégia de edificação de fortificações e
de estruturas de vigilância que permitiam a defesa militar e que faziam parte
do sistema defensivo do distrito de Lisboa. A metodologia seguida consiste no
cruzamento de dados entre as fontes históricas, arqueológicas, a toponímia e o
reconhecimento geográfico. Os resultados obtidos mostram que Sintra, para além
de dois castelos e de um ribat, teve outras estruturas defensivas e postos de
vigilância que possibilitavam a comunicação com outros locais a longa distância
e que marcavam a paisagem cultural marítima. A investigação permite concluir
que a estruturação deste sistema defensivo implicou um planejamento estratégico
baseado no estudo das diferentes combinações geográficas, das relações entre os
povoados, das vias de comunicação, dos portos e ancoradouros, sendo que alguns
locais importantes játeriam sido utilizados em épocas anteriores.
palavras-chave: geografia, planeamento estratégico, defesa militar.
Referencia para citar este artículo: OLIVEIRA BORGES, Marco (2017). “A importância
estratégica do conhecimento do território na formação de um sistema defensivo:
o caso de Sintra (Portugal) durante o Período Islâmico”. En
Anuario de Historia Regional y de las Fronteras. 22 (2). pp. 17-48.
Fecha de recepción: 01/08/2016
Fecha
de aceptación: 17/03/2017
Marco Oliveira Borges: Actualmente, é bolseiro de doutoramento pela Fundação para a Ciência e a
Tecnologia (SFRH/BD/52282/2013), Portugal.
Licenciado em História, pós-graduado em História dos Descobrimentos e da
Expansão e mestre em História Marítima pela Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa, Portugal. Investigador
associado do Centro de História e do Centro de Estudos Geográficos da
Universidade de Lisboa, bem como membro correspondente da Academia de Marinha,
Portugal. Correo electrónico: marcoliveiraborges@gmail.com. Código ORCID: 0000-0002-1547-4554.
The Strategic Importance of Knowledge of the Territory in the Formation
of a Defensive System: The Case of Sintra (Portugal) During the Islamic Period
Abstract
Focusing
on the example of Sintra during the Islamic period, we seek to understand how
the knowing of the territory weighed in the strategy for the construction of
fortifications and surveillance structures that allowed for the military
defence and that were part of the defensive system of the Lisbon region. The
methodology used consists on the crossing of data between historical and
archaeological sources, toponymical and geographical recognition. The results
show that Sintra, besides two castles and a ribat, will have had other defensive
structures and checkpoints that allowed communication with other distant places
and marked the maritime cultural landscape. This investigation allows to
conclude that the structuring of this defensive system implied a strategic
planning based on the study of the different geographical combinations, the
relations between the villages, the communication ways, the ports and
anchorages, and that some important places would already have been used in
previous eras.
Keywords: Geography,
Strategic Planning, Military Defence.
La importancia estratégica
del conocimiento del territorio en la formación de un sistema defensivo: el caso
de Sintra (Portugal) durante la época islámica
Resumen
El
presente artículo busca entender, a partir del caso de Sintra durante el
periodo islámico, cómo el conocimiento del territorio pesó en la estrategia de
la construcción de fortificaciones y de las estructuras de vigilancia que
permitían la defensa militar y formaban parte del sistema defensivo de la
región de Lisboa. La metodología consiste en el intercambio de datos entre las
fuentes arqueológicas, históricas, la toponimia y el reconocimiento geográfico.
Los resultados muestran que Sintra, además de dos castillos y un ribat, ha
tenido otras estructuras defensivas y puntos de control que permitían la
comunicación con otros lugares de larga distancia y que marcaban el paisaje
cultural marítimo. Las investigaciones muestran que la estructura de este
sistema defensivo implicó una planificación estratégica basada en el estudio de
las diferentes combinaciones geográficas, de las relaciones entre los pueblos,
de las vías de comunicación, de los puertos y fondeaderos, y de algunos sitios
importantes que habrían sido utilizados en épocas anteriores.
Palabras
clave:
geografía, planificación estratégica, defensa militar.
Durante a
ocupação islâmica da Península Ibérica, e mais concretamente até 1147, ano da
tomada da cidade de Lisboa aos mouros por D. Afonso Henriques e pelas forças
cruzadas(1), Sintra fez parte do sistema de defesa militar do
distrito (kura) de Lisboa (al-Ushbuna). A par de outras diversas
localidades, e para além de integrar o território militarizado desse distrito,
serviu de importante posto de alerta àquela cidade. De facto, a conjugação dos
dados históricos, toponímicos e arqueológicos mostram que a cidade de Lisboa
estava envolvida por um sistema de alerta e defesa costeira que incluiria, em
particular, os seguintes locais: Sintra, Cascais e Oeiras(2), a
Ocidente, Almada, Seixal e Palmela, a Sul, Montijo, a Oriente, Sacavém, Santa
Iria de Azóia e Vila Franca de Xira, a Norte(3).
Neste
estudo desenvolveremos um pouco mais as investigações que temos vindo a
realizar sobre a defesa costeira na área ocidental do distrito de Lisboa(4),
centrando as atenções na importância do conhecimento geográfico e na consequente
apropriação e gestão do território para a formação de um sistema defensivo.
Consequentemente, este tipo de trabalho obriga o investigador a fazer diversas
deslocações e observações in loco,
visando o reconhecimento geográfico do território e a assimilação da paisagem
cultural marítima(5), evitando assim possíveis abordagens simplistas
ou desenquadradas quando se estáa focar uma área que não se conhece(6),
que se revelou algo complexa do ponto de vista defensivo –abarcando outros
locais num todo mais vasto– e que foi importante em larga diacronía(7).
Interessa não apenas procurar responder em que locais foram edificadas certas
estruturas defensivas e de alerta, mas também tentar compreender a razão da sua
localização e integração na lógica de um sistema de defesa militar,
caminhando-se através de uma abordagem metodológica fortemente ligada ao
conhecimento geográfico, fundamental neste e noutros tipos de estudos, mas nem
sempre devidamente tido em conta. Note-se que a relação entre a História e a Geografia
tem vindo a perder relevância, falando-se mesmo numa ausência de diálogo entre
as duas disciplinas(8).
Se na Antiguidade
Pré-Clássica e Clássica o recurso à Geografia foi fundamental durante o
planeamento de guerras, levando-se a cabo levantamentos geográficos e
descrições de territórios que visavam conhecer melhor o espaço que se pretendia
dominar ou defender(9), assim continuou a ser com o decorrer dos
séculos, acrescendo apenas a melhor precisão com que isso se foi fazendo face
aos constantes avanços científicos e tecnológicos. Ao serviço do poder político
e militar, o conhecimento geográfico serviu, antes de mais, para fazer a guerra(10),
sendo que vários autores, como foi o caso de Maquiavel, vieram a recuperar
ideias do passado clásico(11) e a conjugar com novas teorizações(12).
Com efeito, dentro deste pensamento impera a ideia de o homem, nomeadamente
através desse poder político, recorrer ao conhecimento geográfico, a um saber
estratégico para a elaboração de um plano militar –ofensivo ou defensivo– que
permitisse gerir o território que se pretendia conquistar ou continuar a manter
em seu poder.
Para
o caso de Sintra, é muito provável que jáexistissem algumas estruturas
defensivas e de alerta antes da chegada dos muçulmanos. Ao ocuparem a Península
Ibérica, a partir de 711, as forças muçulmanas tentaram “[...] dominar a
totalidade dos seus territórios através da fixação de guarnições em cidades
estratégicas e de pactos com antigos senhores hispano-visigodos”,
permitindo-lhes, “[...] mediante condições, continuar a controlar boa parte das
suas antigas propriedades, ou mesmo manter parte do seu antigo poder”(13).
Em todo o caso, presume-se que apenas em 714 ou 716 Lisboa se tenha submetido
pacificamente após um pacto de capitulação(14), se bem que este seja
um assunto que ainda não estádevidamente compreendido(15). Terá
sido igualmente por esta altura que Sintra ficou sob poder muçulmano.
Certamente
que com uma nova ocupação do território, e ao longo dos tempos, foram sendo
repensadas formas de defesa terrestre e marítima, obedecendo a um planeamento
estratégico. Ainda que o impulsionamento da defesa costeira islâmica seja
atribuído à época que se seguiu aos primeiros ataques vikings, é preciso ter em conta que em 844, ano em que ficou registada
a primeira investida destes guerreiros nórdicos às costas do Garb al-Ândalus,
esta área “jáera um cenário de guerra hámais de cem anos”(16). Com
efeito, isso leva a pensar que a paisagem jáestaria marcada por fortificações
cuja necessidade não foi criada pelas investidas nórdicas, mas apenas reforçada
por elas(17). (fig. 1).
De
qualquer forma, terásido o desencadear das incursões vikings, chegando a alcançar o mar interior, que despoletou uma
maior atenção defensiva por parte das autoridades muçulmanas, reforçando-se o
aparelho militar e sistema de defesa costeira ao longo do litoral atlântico e
mediterrânico. Sabe-se que o governo omíada reforçou a estrutura de defesa
costeira e de vigilância com a edificação de torres de vigia (buruj, pl. de burj) e a utilização de sítios elevados e estratégicos que
funcionavam como atalaias(18) (tali’a,
pl. de at-talai’a), bem como de
diversas fortificações onde se incluíam castelos (husun, pl. de hisn) e conventos-fortificados (rubut, pl. de ribat(19)). Para além disso, tomaram-se medidas para a
formação de uma marinha de guerra ampla e bem provida de projécteis
incendiários, tendo-se recrutado marinheiros e mercenários de várias partes,
alguns deles especializados no lançamento de fogo-grego(20).
Figura
1. Mapa simplificado do
al-Ândalus e parte do Norte de África, c. 868.
Fuente:
Mapa feito para o
autor por Luís Gonçalves.
Situada a
Noroeste de Lisboa, no extremo ocidental do al-Ândalus, junto ao mar tenebroso(21),
Sintra foi descrita por diversos autores muçulmanos. No século X seria jáum
importante centro populacional, embora não confinado ao castelo dos Mouros,
quer pelas suas reduzidas dimensões e dificuldades de acesso, quer por estar
afastado das zonas agrícolas(22). No século seguinte, al-Bakri (c.
1014-1094) colocou-a entre as doze cidades mais importantes do Garb al-Ândalus(23).
Dotada
de dois castelos de extrema solidez,
um deles construído de forma estratégica num dos cumes sobranceiros da serra
(castelo dos Mouros), Sintra foi mencionada posteriormente por al-Himyari
–decerto baseado na obra de al-Bakri, embora esta tenha chegado aos nossos dias
incompleta– como uma das vilas que dependiam de Lisboa no al-Ândalus, estando
situada nas proximidades do mar e permanentemente mergulhada numa bruma que não
se dissipava(24).
Qual
a época de construção destes dois castelos? No caso do castelo dos Mouros, tem
sido referido que terão ocorrido duas fases distintas de edificação, sendo que
a mais antiga remontaráaos séculos IX-X, à semelhança de outros casos
peninsulares, correspondendo à época de fortificação da costa atlântica levada
a cabo pelas autoridades muçulmanas face aos ataques vikings(25). No entanto, os trabalhos mais recentes têm
apontado para cronologias de ocupação do local em torno dos séculos X e XI(26).
Incorporado no sistema de defesa costeira que
funcionava a partir do litoral sintrense, o castelo dos Mouros tinha a
particularidade de servir como posto de vigia dos acessos por mar e terra e de,
a partir daí, se poder estabelecer comunicação com outros postos defensivos a
média e a longa distância. Porém, se é verdade que desse castelo e até mesmo de
outros pontos elevados da serra de Sintra com grande ou maior visibilidade, e
que articulariam funções entre si, era possível observar e estabelecer
contactos com Mafra e outros locais mais a Norte(27), com o porto de
Cascais, Oeiras, outros sítios da barra do Tejo, Lisboa e o seu castelo,
Trafaria(28), Almada, Palmela, Sesimbra e o cabo Espichel(29),
isso apenas seria possível em dias de boa visibilidade, o que nem sempre é
realidade em Sintra, bastante sujeita aos nevoeiros que por ali se prolongam.
De facto, integrado na vertente de vigilância e de alerta deste sistema
defensivo, o castelo dos Mouros teria como principal função alertar os locais
acima referidos sobre a aproximação de navios e de inimigos por terra, sendo de
destacar Lisboa e os postos a Sul, mas nestas ocasiões de intenso nevoeiro, em
que pouco ou nada se via quanto à linha de costa, não seria possível vislumbrar
a aproximação de navios nem de produzir informação visual. Neste sentido, o
sistema de alerta que funcionava através do castelo dos Mouros e de outros
pontos da serra de Sintra estava bastante condicionado, tendo ficado inactivo
com frequência(30). No entanto, como alternativa e complemento, ao
longo da linha costeira existiam outros postos de vigia e de retransmissão de
sinais visuais, assunto que teremos oportunidade de focar mais adiante.
Qual
o outro castelo de Sintra referido por al-Himyari? Em que local estaria
situado? Quando foi construído? Quais as suas funções dentro deste sistema
defensivo? Pese embora a hipótese comummente aceite de que um dos castelos de
Sintra indicados por al-Himyari estaria edificado no sítio onde se encontra o
actual Paço da vila, Maria Teresa Caetano referiu que o autor poderia querer
reportar-se ao castelo de Colir (Colares)(31), o qual é apontado por
João de Barros (1522). Curiosamente, este autor não hesita em considerar o
castelo de Colir como sendo mais antigo do que o castelo de Sintra (Mouros)(32).
Contudo, o local onde terásido erguido esse suposto castelo islâmico sofreu
várias alterações ao longo dos séculos, pelo que até ao momento não foi
possível confirmar vestígios da sua antiga existência. Durante o reinado de D.
Manuel, e a partir da suposta estrutura islâmica, terásido construída a Casa
da Câmara de Colares, sendo que nas imediações foram detectados elementos
pétreos de um portal manuelino. Em inícios do século XVII, o edifício
funcionava como Câmara e cadeia colarense, tendo sido adquirido por D. Dinis de
Melo e Castro, antigo bispo de Leiria, Viseu e Guarda, que o transformou num
palácio para sua habitação por volta de 1620(33). O palácio terá
ardido em meados do século XIX, tendo sido demolidas, jáno início do século
XX, as ruínas do Paço para a construção de uma escola primária(34).
No entanto, ainda hoje é possível observar uma arcada com terraço que restou
desse palácio sobranceiro à vila moderna de Colares.
Situado
numa área elevada, na vila velha colarense, desse suposto castelo muçulmano
tinha-se uma visão privilegiada para o porto local e para o esteiro de mar que
invadia o vale de Colares, controlando toda a área em redor e a serra, havendo
ainda contacto visual excepcional com o castelo dos Mouros. Ao mesmo tempo,
dessa primeira estrutura também se tinha visão singular para a área da actual
praia das Maçãs –o acesso naval ao interior do território– e espaço marítimo
envolvente, tendo o castelo “uma torre mui alta, que descobria o mar daí a dez
léguas”(35). Assim, do ponto de vista estratégico, faz todo o
sentido que existisse um castelo precisamente na vila velha de Colares, onde
alguns dados arqueológicos exumados confirmam a presença muçulmana pelo menos
desde o século X. Escavações realizadas entre 1989-1990, junto à igreja Matriz
de Colares, detectaram silos muçulmanos de onde foram obtidos abundantes
fragmentos cerâmicos dos séculos X e XI(36).
Embora
por vezes a ideia da possível existência de um castelo muçulmano em Colares
seja alvo de cepticismo, desvalorizando-se o que João de Barros escreve na Crónica do Imperador Clarimundo, é
preciso ter em conta que as crónicas, por vezes, conservam reflexos de
documentos e de obras perdidas no tempo, sendo “o único testemunho” para a
“reconstituição de acontecimentos muito anteriores” à época em que são escritas(37).
Contudo, na impossibilidade de se confirmar a veracidade da tradição sobre este
suposto castelo de origem muçulmana vinda de João de Barros e seguida por fr.
Joseph de Santa Anna, somente a arqueologia poderávir a trazer outras luzes
sobre o assunto.
Enquanto
se espera que um dia possam surgir novidades arqueológicas sobre a ocupação da
vila velha de Colares durante o Período Islâmico, e até mesmo relacionadas com
o próprio castelo, outros dados vão sendo explorados para se compreender melhor
o povoamento local. É o caso de diversos topónimos sintrenses que, por exemplo,
permitem aduzir mais informações e colocar hipóteses sobre a ocupação humana em
torno do rio de Colares (fig. 2). Refira-se, deste modo, a própria origem do
topónimo Colares, para a qual existem diferentes interpretações. A lenda da
fundação do castelo de Colir diz que o actual topónimo Colares vem do nome dado
a essa alegada fortificação por uma condessa vinda do Norte da Europa, que,
fugindo ao rei da Dinamarca, aportou no rio local com duas naus, conseguindo
autorização para permanecer e adquirir parte da terra ao rei mouro de Lisboa em
troca do penhor de três colares de ouro(38). Ao mandar edificar o
castelo, a condessa, face ao penhor dos colares, deu-lhe o nome Colir, do qual
teria derivado, mais tarde, Colares. Embora não tenha sustentado esta lenda, J.
Diogo Correia admitiu que o topónimo poderámesmo resultar “do simples
aproveitamento do nome comum, colar,
cujo étimo é o latim collare, de collum, pescoço, e que significa mesmo
colar, coleira ou golilha”(39). Numa outra interpretação, é referido
que o topónimo Colares derivarádo latim colle,
estando associado a “colina”, “outeiro”, podendo, por outro lado, estar ligado
a colo, de collum(40). Mais recentemente, Adalberto Alves
relacionou o topónimo com o árabe kula,
significando “pequeno lago”(41).
Outro topónimo
importante é Mucifal, que poderáderivar do árabe mussaffa, ou seja, “baixada”, “vale inundado”(42), dando
assim sentido à ideia de que toda a área da várzea de Colares e arredores era
inundada pelo mar e acessível à navegação. A aldeia do Mucifal fica muito
próxima da vila velha de Colares, sendo um local em que foram encontradas
ânforas Dressel 14 e outros diversos
vestígios romanos, os quais estariam associados a um antigo povoado(43).
Um outro topónimo das imediações do dito rio e que se
pode relacionar com o passado islâmico, bem como com a defesa militar deste
território, é Nafarros, estando situado um pouco a Noroeste do Mucifal.
Recentemente, foi associado ao árabe nafar,
significando “tropas” ou “exército”(44). A Sul do referido curso de
água temos Almoçageme, topónimo que poderáestar associado a uma antiga
mesquita, al-mesjid(45),
sendo que ainda hoje subsiste na micro-toponímia de Colares a Rua da Mesquita(46).
A existência de mesquitas é bastante importante no contexto militar que temos
vindo a referir, pois eram locais onde também se podiam agrupar os monges
guerreiros e outros homens que se dedicavam ao exercício da espiritualidade e
ao combate contra o inimigo.
Figura
2. Povoamento nas
proximidades do rio de Colares segundo a Carta
chorographica dos terrenos em volta de Lisboa comprehendendo a principal parte
do Tejo adjacente à sua foz, escala
1/100.000.
Fuente:
Lisboa: Direcção dos
Trabalhos Geodésicos do Reino, 1856-1866.
O
Alto da Vigia é um pequeno outeiro que fica situado junto à praia das Maçãs, na
margem esquerda da desembocadura do rio de Colares, curso de água que nasce a
c. 14 km da sua foz, estando actualmente reduzido à condição de ribeira. Em
épocas passadas um esteiro de mar invadia esta área, permitindo a
navegabilidade do vale de Colares, o acesso naval ao interior do território e
ao porto local(47).
Em
2008, durante intervenções arqueológicas realizadas no Alto da Vigia que
visavam averiguar a existência do santuário romano consagrado ao Sol e à Lua
que se sabia ter existido no litoral de Sintra, foram detectados importantes
vestígios de diferentes cronologias, inicialmente associados a uma vigia(48),
porquanto parte da sua estrutura ainda estava visível à superfície. O decorrer
dos trabalhos permitiu confirmar que foi neste local que os romanos construíram
o dito santuário, mas a grande surpresa esteve na detecção parcial das
estruturas de um edifício islâmico que tem vindo a ser referido com sendo um ribat(49). Assim, na
actualidade, o Alto da Vigia representa o sítio arqueológico romano e islâmico
mais ocidental do continente europeu.
O termo ribat, para além de arquitectonicamente
designar uma estrutura fortificada (ou não), contém um significado ligado ao
exercer da espiritualidade própria da guerra religiosa(50). Assim,
este termo pode ser aplicado a um assentamento militar em que se faz o ribat espiritual, em que existe uma actividade
bélica importante e com população variada(51), mas também a uma
determinada área geográfica onde decorriam essas acções. Em todo o caso, não é
consensual a discussão em torno das funções dos rubut, havendo investigadores que diminuem a importância militar e
defensiva que costuma ser atribuída a estes edifícios, favorecendo mais os
aspectos religiosos, estando os ocupantes destas estruturas mais ligados a
práticas ascéticas embora não descurando as tarefas de vigilância e de
sinalização do perigo inimigo. Por outro lado, em certas áreas, os rubut também estiveram ligados a
actividades comerciais marítimas, pelo que poderáter acontecido o mesmo em
Sintra. Partindo da ideia de que nem todas estas estruturas terão sido erguidas
exactamente com a mesma tipologia construtiva e o mesmo propósito específico,
embora tenham acumulado funções associadas à prática de ribat e, ao longo da sua existência, até possam ter ganho outras utilidades diferentes das que
inicialmente teriam presidido à sua edificação –isto mediante uma adaptação a
diferentes conjunturas históricas–, a exploração da realidade geográfica e do
contexto histórico em que se inseriam é fundamental para se tentar compreender
o seu antigo funcionamento e as razões da sua implantação em determinado local.
Num contexto
militar e estrutural, o ribat costuma
ser designado como sendo um convento, um convento-fortificado ou
mosteiro-fortaleza associado à protecção dos espaços de fronteira terrestre e
marítima, estando igualmente ligado às lides da defesa costeira. Era um dos
edifícios onde os monges guerreiros, outros combatentes e voluntários
preparavam a jihad contra os cristãos(52),
contra os vikings e até mesmo contra
os inimigos internos. No caso da Península Ibérica, a primeira descoberta de um
ribat ocorreu nas dunas de Guardamar
(Alicante), junto à desembocadura do antigo delta do rio Segura (1984), sendo
que os dados arqueológicos obtidos apontam para uma cronologia de ocupação do
local desde finais do século IX(53). A segunda detecção viria a ser
feita na Arrifana (Aljezur), mais concretamente numa pequena península
denominada Ponta da Atalaia (2001), sendo que o ribat em questão tem sido associado a ordens de construção de Ibn
Qasi, por volta de 1130(54). No entanto, existe uma linha de
pensamento divergente e que coloca a sua
edificação numa época anterior, não estando relacionada com aquele mestre sufi,
até porque o edifício mandado levantar por este teria sido construído noutro
local(55). Por fim, a terceira descoberta, com o consequente
desenvolvimento de intervenções arqueológicas, tem
vindo a ser indicada para o Alto da Vigia (Sintra)(56), não
parecendo haver outro registo positivo a nível peninsular até ao presente(57).
Em todo o caso, e olhando apenas para o actual território português, a
dispersão destas estruturas teráabrangido uma área bastante vasta, tendo
existido na área do rio Douro (muito provavelmente jáem 876-877), na área
fluvial da Grande Lisboa (pelo menos em Sacavém), na Península de Setúbal, na costa
algarvia e noutros possíveis locais em que perdurou o topónimo Arrábida(58).
As
escavações no Alto da Vigia ainda estão numa fase embrionária(59).
Até à campanha arqueológica de 2015 conheciam-se três salas que integravam o ribat, uma delas com um mihrab virtualmente orientado para Meca,
e outros vestígios contemporâneos da ocupação islâmica, nomeadamente pisos de
terra batida, silos e sepulturas, sendo que nem todos estão escavados na sua
totalidade(60). De acordo com Alexandre Gonçalves, a nível da planta
e das técnicas de construção, o ribat
do Alto da Vigia parece apresentar características semelhantes aos que foram
identificados em Guardamar e na Arrifana, enquadrando-se numa possível
tipologia construtiva presente no al-Ândalus(61). Porém, somente o
decorrer dos trabalhos poderáconfirmar essa hipótese(62).
Naturalmente que a dimensão estrutural do edifício de Sintra ocuparáuma área
mais alargada do que aquela que estáa ser alvo de escavações, sendo que as
prospecções geofísicas levadas a cabo revelaram a existência de outras
estruturas por escavar(63). Neste sentido, estáainda por perceber a
real extensão do sítio arqueológico, esperando-se que em breve surjam novos
dados que permitam compreender melhor a ocupação do local e aclarar as várias dúvidas
que persistem(64). De qualquer forma, para jápode-se dizer que a
estrutura que estáa ser intervencionada não tem o aspecto de um verdadeiro
recinto fortificado como se pode ver nos rubut
do Norte de África-caso de Tunes(65) (fig. 5).
Um dos aspectos
mais importantes a destacar tem a ver com as várias fases de ocupação islâmica
que têm vindo a ser detectadas e que vieram sucessivamente a alterar o sítio(66).
Outro pormenor que interessa salientar é que as campanhas de escavação têm mostrado
que a edificação das estruturas islâmicas foi feita com múltiplos elementos
arquitectónicos e epigráficos do templo romano precedente(67). Para
além disso, refira-se que as estruturas do ribat
detectadas encontram-se bastante destruídas, sendo que isso também se
deveráà remoção e reutilização das suas pedras na edificação da vigia ali
identificada, a qual tem sido associada ao reinado de D. Manuel I(68).
(fig. 3).
Ainda que as
estruturas islâmicas que têm vindo a ser escavadas no Alto da Vigia não apresentem
a tipologia arquitectónica de outros rubut
jáidentificados fora do alÂndalus, não se pode deixar de associar este ribat sintrense à defesa costeira. Assim, contrariamente a interpretações que ligam a
edificação desta estrutura essencialmente a questões espirituais e religiosas,
a existência de um ribat ou de outros
edifícios com função de ribat naquele
outeiro junto à foz do rio de Colares –por onde entrava um braço de mar–,
revela claramente uma necessidade estratégica de ter um local abrigado em que
se pudessem agrupar homens capazes de proteger um espaço que era comum à
navegação e que, no fundo, permitia o acesso naval ao interior do territorio(69)
e ao porto local (c. 4 km a montante)(70).
De
facto, sabe-se que estas estruturas eram construídas em áreas marítimas
importantes, algumas mesmo na desembocadura de rios para protegeram o acesso a
portos interiores, embora para os casos do Norte de África e do Mediterrâneo
oriental seja apontada uma finalidade mais ligada ao movimento comercial marítimo
do que propriamente aos aspectos militares(71). Em todo o caso, para
o litoral catalão, por exemplo, al-Idrisi (1099-1165/66) refere uma “rabita de
Kashtali”, situada a Sul de Tortosa, como sendo “formosa, forta i inexpugnable
vora la mar i compta amb una guarnició (qawm)
brava”(72). (fig. 4).
Reforçando
a ideia de que o principal motivo da implantação de um ribat naquela área sensível da costa de Sintra tenha sido por
aspectos defensivos, a utilização militar daquele outeiro onde se encontram as
ruínas da estrutura islâmica levanta
diversas questões, sendo que a leitura geo-estratégica do local permite colocar
a hipótese de terem existido outras estruturas mais para Sul e, sobretudo, para
Norte, na área mais próxima e fronteira à actual foz da ribeira de Colares(73).
Era este o local por onde entrava o esteiro de mar e em que se fazia a
interdição da entrada de navios para o interior do territorio(74).
Por conseguinte, a defesa da entrada do antigo esteiro navegável seria feita,
em primeira instância, pelas forças destacadas no local. Mas para além dos
ocupantes do edifício e de outras
possíveis estruturas próximas desse sítio estarem envolvidos nessa defesa,
daquela área era possível estabelecer contacto visual e comunicar com os postos
defensivos dos arredores, com outros situados mais para o interior e até com o
castelo dos Mouros, pelo que em sinal de alarme outros guerreiros e monges
voluntários das redondezas acorreriam ao local em auxilio dos que láestavam
fixos.
No
que respeita à cronologia de fundação deste ribat,
e ainda que tenha sido ocupado durante várias fases do Período Islâmico(75),
ainda não é possível avançar com um momento exacto. No entanto, as cerâmicas
exumadas até 2015, e que permitem estabelecer alguns paralelos com materiais
recolhidos em Lisboa, no ribat da
Arrifana e no Algarve, enquadram-se em contextos cronológicos que se estendem
entre o período emiral e o século XII(76). Conquanto ainda se esteja
numa fase embrionária de análise, é possível que este ribat tenha sido edificado no âmbito do reforço do sistema
defensivo do litoral atlântico e mediterrânico face aos primeiros ataques
nórdicos, podendo remontar a um período muito próximo de 844, de modo a impedir
o acesso viking ao interior de Sintra(77).
(fig. 6).
As fontes
históricas conhecidas nada dizem sobre a estrutura do Alto da Vigia, pelo que
as iniciativas de construção tanto poderão ter partido do poder central
(Córdova) como das dinastias rebeldes regionais. Note-se que, embora logo após
os ataques nórdicos de 844 o poder central tenha ordenado o reforço da defesa
marítima ao longo da costa atlântica e mediterrânica, a verdade é que arquitectura
militar do Garb al-Ândalus também foi dirigida por rebeldes e dinastias
regionais(78). Mas o facto de os dados obtidos nas escavações de
Sintra mostrarem que o local teve várias fases de ocupação islâmica,
mantendo-se muito provavelmente até à época da tomada de Lisboa, ajuda a
perceber que por ali terão passado não apenas homens locais mas também
possivelmente forças enviadas pelo poder central ou até voluntários vindos de
locais distantes. Sabe-se que, para além da mão-de-obra local e das forças
enviadas por Córdova para diversos pontos do al-Ândalus, também vinham
voluntários de outras partes a favor da jihad,
devendo essas deslocações ter propiciado igualmente a ocupação de locais
costeiros estratégicos que se revelavam mais sensíveis à chegada inimiga(79).
(fig. 7).
Como exemplo da
importância e necessidade de se proteger o acesso naval ao interior de Sintra,
e no âmbito do que temos vindo a mostrar, importa referir o caso do ataque de
Sigurd àquela povoação. Terásido pelo esteiro de Colares que Sigurd, jovem
comonarca norueguês, lançou um ataque a Sintra em 1109(80), podendo
não ter sido a primeira vez que forças nórdicas subiram aquele braço de mar.
Figura
3. Pormenor da área de
Colares. Carta Militar de Portugal,
Colares (Sintra), escala 1/25.000,
folha 415.
Fuente: Serviço Cartográfico do Exército,
1991.
Figura
4. Vista do Alto da
Vigia para a praia das Maçãs (Dezembro de 2011).
Fuente:
Foto do autor.
Figura
5. Alto da Vigia.
Perspectiva aérea do local onde se realizam os trabalhos arqueológicos (Abril
de 2015).
Fuente:
Imagem aérea captada
em Abril de 2015. Cedida ao autor por Ana de Frias.
Figura
6. Pormenor de uma das
salas do ribat do Alto da Vigia. Destaque
para o mihrab, virtualmente orientado
no sentido de Meca.
Fuente:
Raul Losada/Portugal
Romano. Cedida ao Autor por Raul Losada.
Figura
7. Uma outra sala do ribat vista para Sul (Setembro de 2016).
Fuente:
Foto do autor.
Um topónimo
relevante, e que tem sido associado ao referido ribat, é Alconchel ou Ponta de Alconchel. No entanto, o referido
topónimo encontra-se situado mais a Sul do local onde têm sido exumados os
vestígios da antiga estrutura islâmica, dando nome à extremidade rochosa que
faz fronteira entre a praia Pequena(81), a Norte, e a praia Grande,
a Sul (Figs. 2 e 3). José Pedro Machado interrogou-se sobre a possível relação
deste topónimo com “concha”(82). Se atendermos às enormes
quantidades de conchas que têm sido identificadas no Alto da Vigia, e que em
certas partes do terreno ainda são visíveis no solo, sendo que esses vestígios poderão estender-se mais para Sul, faria
todo o sentido que o topónimo estivesse, de facto, relacionado com esse tipo de
evidências que revelam a inclusão da vida marítima local no regime alimentar
das pessoas que por ali passaram. Contudo, o topónimo Alconchel, de origem
moçárabe e igualmente existente, por exemplo, em Évora e em Espanha, derivará
de al-conciliu(83),
estando possivelmente ligado a um local de reunião humana, pelo que os
arqueólogos que desenvolvem as escavações no Alto da Vigia crêem que o mesmo
estaráassociado ao ribat(84).
Dois dados bastante
curiosos surgem numa carta da barra do Tejo e arredores de 1756: um forte
edificado no outeiro que corresponderáà Ponta de Alconchel, bem como uma área
de ancoradouro adjacente e que abarca o recorte costeiro alusivo à praia
Pequena (Fig. 8). Se a representação for verdadeira, e estando-se perante uma
área estratégica, não admira que na Ponta de Alconchel também tenham existido
construções mais antigas que tenham precedido a fortificação que surge na
carta. De facto, faz muito sentido que o território entre o Alto da Vigia e a
Ponta de Alconchel, dominando espaços de ancoradouro, de desembarque e de
acesso ao interior do território, tenha funcionado como um todo defensivo e
sido ocupado em larga diacronia. Neste encadeamento de ideias, e crendo na
possibilidade de que a presença humana se estendeu para Sul com a existência de
estruturas(85), a interpretação que sugere que o topónimo Alconchel
aponta para um local de reunião é bastante plausível. Porém, a área da Ponta de
Alconchel foi fortemente modificada pela acção do homem em tempos recentes,
contrariamente ao espaço do Alto da Vigia que estáa ser intervencionado,
construindo-se edifícios que se sobrepuseram a possíveis estruturas anteriores.
Resta, no entanto, pouco mais do que uma área com vegetação nessas imediações
que não foi alvo de construções e que poderáum dia vir a revelar a existência
de estruturas pétreas.
Figura
8. Pormenor da área
costeira de Colares.
Fuente: BnF,
M. Bellin, Plan du port de Lisbonne et des costes voisines ([Paris]: 1756).
Estando Sintra
dotada de uma linha costeira que permitia observar o movimento marítimo ao seu
largo, que possibilitava o abrigo inimigo em pequenas enseadas e desembarques
que facilitavam o acesso ao território, é natural que os ocupantes muçulmanos
tenham aproveitado esses factores para a implantação de diversas estruturas de vigilancia(86).
Acresce que a sua costa abrange o cabo da Roca, desde sempre um importante
acidente geográfico para a navegação(87), não esquecendo ainda a
incapacidade de comunicação visual através do castelo dos Mouros em períodos de
nevoeiro, pelo que outros postos alternativos e complementares ganhavam forma
ao longo do litoral(88). Por isso mesmo, a toponímia do concelho de
Sintra fornece diversos étimos associados a contextos militares e relacionáveis
com antigos postos defensivos e de observação oceânica.
Ligeiramente
a Sul da foz da ribeira do Falcão, a cartografia indica o topónimo Vigia de
Assafora. Seguindo o trecho costeiro meridional, um pouco a Sul do forte de
Magoito e da ribeira da Mata, numa posição bastante elevada, surge o topónimo
Vigia da Mata. É muito provável que corresponda à Atalaia do Magoito, topónimo
que surge na cartografia setecentista. Por sua vez, imediatamente a Sul da
praia das Maçãs, local jáabordado, surge o topónimo Vigia de Colares ou Alto
da Vigia. Embora para os dois primeiros sítios não se saiba qual a natureza de
ocupação humana, para este último a arqueologia mostrou que foi usado em larga
diacronia.
Um local fulcral para as tarefas de vigilância e que
era muito procurado pela navegação é o cabo da Roca. Junto a este sítio, onde
entrou em funcionamento um farol em 1772, surge o topónimo Vigia da Roca e
Cruzeiro do Facho, indicadores não apenas de um local de vigilância mas também
de apoio à navegação nocturna. É muito provável que durante o Período Islâmico
o cabo da Roca, área de forte vento e bastante perigosa para a navegação, já
tivesse estruturas e que até pudessem ser mais antigas, dado este ser referido com
importância na Antiguidade.
Um
pouco mais para nascente do cabo da Roca, numa posição ainda mais elevada,
temos a localidade da Azóia. Este topónimo deriva de az-zawiya, devendo ter surgido do desígnio de um edifício religioso
existente naquela área serrana, provavelmente uma pequena ermida, mas que
acumularia igualmente a função de posto de vigilancia(89), dando o
alerta perante a aproximação inimiga. Nestas estruturas, situadas normalmente
junto da costa e de vias de comunicação, também se deveria dar apoio aos
desvalidos e a viajantes(90). A Azóia da serra de Sintra vem
referida durante a descrição da viagem da embaixada muçulmana enviada ao rei
dos vikings após o ataque de 844. A
jornada foi efectuada por dois navios que partiram de Silves e que, ao chegarem
ao “grande promontório que penetra no mar, limite de Espanha no extremo
ocidental, e que é a montanha conhecida com o nome de Aluía [Azauia ou Azóia?],
foram surpreendidos por uma tempestade”(91). É de salientar que toda
esta área da serra de Sintra era propícia à edificação de estruturas. Ainda
hoje, ligeiramente a Norte da Azóia, existe uma localidade denominada Atalaia e
que na micro-toponímia se subdivide em Atalaia de Baixo e Atalaia de Cima. A
posição elevada e estratégica destes locais indicia a existência de antigos postos
de vigilância costeira que poderão remontar aos séculos IX-X(92).
Vindo
referido desde finais do século XIX como estando integrado no território de
Cascais, mas pertencendo jáao concelho de Sintra, chegou a ser avançado que no
sítio arqueológico do Espigão das Ruivas, ladeado do porto do Touro –este sim
em território cascalense (Figs. 9 e 10), teráexistido um farol para apoio à
navegação usado em larga diacronia. No entanto, esta interpretação não deixa de
levantar sérias dúvidas, sendo necessários mais olhares sobre o assunto(93). A intervenção
arqueológica realizada no local, em 1991, permitiu detectar vestígios de uma
estrutura pétrea e materiais da Idade do Ferro, do Período Romano, do Período
Visigótico e do Período Islâmico(94), se bem que ainda não tenham
sido estudados e publicados na sua totalidade. Em todo o caso, é de crer que no
Espigão das Ruivas tenha existido uma pequena casa-abrigo para apoio à
navegação, podendo ter funcionado como local de sinalização do porto do Touro
aos navegantes, bem como de posto de vigia.
Quanto a este
exíguo porto, em actividade igualmente durante o Período Islâmico, é muito
provável que tenha sido usado como local de descaminho e contrabando de
mercadorias em larga diacronía(95). Ao mesmo tempo, e olhando para
os casos do cabo da Roca e da enseada de Assentiz, locais estratégicos, muito
próximos do referido porto e que foram usados por corsários e piratas ao longo
dos séculos, é bem provável que a sua área marítima imediata tenha constituído
igualmente um espaço de espera para se praticarem ataques contra a navegação em
trânsito, pelo menos durante a Idade Moderna(96).
O porto do Touro
ainda vinha referido na cartografia dos séculos XVII-XIX, se bem que grafado de
outra forma. Numa carta do atlas da Península Ibérica de Pedro Teixeira de 1634
(fig. 9), por exemplo, surge como “porto do Guincho”, tendo representados dois
navios ao seu largo, ainda que a linha costeira onde se encontra surja
representada de forma bastante fantasiada. Fica por saber se na área imediata
ao porto do Touro, local onde foram observados diversos fragmentos de cerâmica
à superfície (incluindo de faiança) e onde existem ruínas de edifícios –
geralmente atribuídos à construção de pescadores em tempos mais recentes –,
existiu povoamento antigo, até mesmo relativo ao Período Islâmico, cenário
muito provável face à utilização do Espigão das Ruivas desde a Idade do Ferro(97).
No entanto, somente futuras prospecções arqueológicas e possíveis escavações
poderão vir a esclarecer as dúvidas que persistem. Acrescente-se a isto a
necessidade de trabalhos de prospecção geofísica na área marítima imediata ao
porto do Touro e nas enseadas das proximidades. (fig. 10).
O território do
actual concelho de Cascais, outrora na dependência de Sintra, também teve os
seus postos de vigia durante a ocupação islâmica, sendo que o porto cascalense,
que tem sido associado ao almirante muçulmano Khashkhash (século IX)(98),
estaria em contacto visual e comunicação permanente com as estruturas de alerta
sintrenses. É muito provável que nesse período játivesse alguma importância
para escoar a produção de Sintra, ao mesmo tempo que deveria prestar apoio às
actividades militares navais da região, tal como aconteceu em séculos
posteriores(99).
Para além das
estruturas que estariam dispostas ao longo da costa, existiam postos militares
edificados mais para o interior. Um pouco mais para Leste, para a região entre
Lisboa e Sintra, al-Himyari refere a existência de uma montanha usada
antigamente como reduto fortificado(100). Pelas indicações deixadas,
esse local tem sido identificado como sendo Monte Suímo. Recentemente, neste
local foram detectados fragmentos de telhas alto-medievais/islâmicas e
vestígios de uma antiga estrutura pétrea que poderácorresponder às ruínas da
fortificação referida por al-Himyari(101). Embora não se saiba qual
o tipo de fortificação que aqui deveráter existido, é perceptível a razão da
implantação de uma estrutura defensiva neste local. Situado na serra da
Carregueira, Monte Suímo é uma colina de forma arredondada com 291 m de altura,
constituindo o maior relevo do conjunto de elevações desta serra. A sua
localização privilegiada permite obter uma visão de quase 360º dos arredores,
com vistas para Lisboa, estuário do Tejo, para toda a Península de Setúbal até
à serra da Arrábida e para o Atlântico, sendo apenas interrompidas pelo perfil
dominante da serra de Sintra(102).
Figura
9. Pormenor da costa de
Sintra e Cascais numa carta do atlas da Península Ibérica de Pedro Teixeira,
1634. Destaque para o porto do Guincho, mais conhecido por porto do Touro(103).
Fuente: Adaptado
de Pereda, Felipe e Marías, Fernando (eds.). El Atlas del Rey Planeta. La «descripción de España y de las costas y
puertos de sus reinos» de Pedro Teixeira (1634) (San Sebastián: Editorial
Nerea, 2002).
Figura 10. Sistema defensivo no Baixo Vale do
Tejo durante o Período Islâmico.
Fuente: Mapa
feito para o autor por Luís Gonçalves.
Todos
estes locais e estruturas que temos vindo a referir, estejam inicialmente
associados a iniciativas do poder central ou regional, revelam claramente a
existência de um sistema defensivo e que a sua preparação obedeceu a um estudo
aprofundado do território. No entanto, como era feita a gestão da defesa marítima?
Ao mesmo tempo que o poder central tomava medidas defensivas, é possível que se
deixasse aos governadores dos distritos (kuwar)
alguma margem de manobra nas lides da defesa costeira(104). Porém,
parece que algumas zonas costeiras mais sensíveis, como era o caso das que
estavam situadas perto de cabos ou promontórios (taraf, pl. atraf),
chegaram a ser administradas independentemente dos distritos e dos seus governadores(105).
Poderáter sido este, em certo momento, o caso de Sintra(106). Este
tipo de autonomia administrativa comprova-se para a Península de Setúbal, que
chegou a ser considerada um distrito costeiro autónomo da jurisdição dos kuwar de Lisboa e Alcácer do Sal, pelo
menos durante o califado omíada, estando dependente de um governador responsável
pela coordenação da defesa e vigilância marítima e terrestre(107).
Não
é difícil imaginar, contudo, que as próprias rebeliões do mundo islâmico devam
ter condicionado ao longo dos séculos a organização deste sistema de defesa
costeira e até mesmo provocado a sua paralisação. Note-se que esta área,
estando nas proximidades de Lisboa, cidade que viveu várias rebeliões contra o
poder central e que, por vezes, se alastravam a outras cidades do al-Ândalus,
parece ter estado em permanente insegurança. Na verdade, a área territorial
entre Lisboa e Santarém gozou de uma certa autonomia face aos centros de
decisão política do al-Ândalus até ao século XI, dando assim origem a uma zona
de refúgio propícia a revoltas e que ficou marcada pelo aparecimento de dinastias
locais autónomas (108). Em 886, por exemplo, o wali de Lisboa revoltou-se contra Córdova. Como consequência, e
para repor a ordem, o poder central enviou um exército por terra e uma frota de
guerra (saída de Sevilha) a al-Ushbuna(109).
Sintra integrou o
sistema defensivo do distrito de Lisboa, servindo de importante posto de
observação oceânica que alertava aquela cidade e outros locais a Norte e a Sul,
situação que se manteve em séculos posteriores e cuja tradição ficou preservada
na memória toponímica. Para além disso, como centro populacional importante,
teráestado dotada de estruturas que albergavam as forças que visavam defender
e impedir o acesso directo de inimigos ao interior do seu território, embora
até ao momento só exista uma confirmação arqueológica: a estrutura que estáa
ser escavada no Alto da Vigia.
Isto só foi
possível mediante estudos pormenorizados do território e de uma articulação
estratégica de conhecimentos, algo que terásido ordenado não apenas pelo poder
central mas também a nível regional e local. Na esteira de Yves Lacoste,
colocar em prática um sistema defensivo implicou uma análise minuciosa das
diferentes combinações geográficas, das relações entre os povoados, das
estradas, dos cursos de água, dos portos, ancoradouros e de outras condições
naturais como o próprio clima e o relevo. No entanto, não se quer com isto
dizer que todos os postos defensivos e de alerta abordados funcionaram na mesma
época. Um ponto a destacar é que alguns locais importantes játeriam sido
utilizados em épocas anteriores, havendo inclusive uma readaptação de materiais
pétreos no Período Islâmico, tal como se comprova no caso do Alto da Vigia. De
enorme potencial arqueológico, é preciso averiguar locais, topónimos e as
hipóteses explicativas que têm vindo a ser colocadas para o caso sintrense, não
esquecendo as importantes ligações com diversos sítios dos concelhos de Mafra,
Cascais, Oeiras, etc.
BnF, M. Bellin, Plan du port de Lisbonne et des costes
voisines. [Paris], 1756.
Carta chorographica dos terrenos em volta de Lisboa
comprehendendo a principal parte do Tejo adjacente à sua foz, escala 1/100.000.
Lisboa: Direcção dos Trabalhos Geodésicos do Reino, 1856-1866.
Carta Militar de Portugal, Colares (Sintra), escala
1/25.000, folha 415. Serviço Cartográfico do Exército, 1991.
Marques Gonçalves, Alexandre. Alto da Vigia (Colares,
Sintra). Relatório dos trabalhos arqueológicos de 2013, 2014 [policopiado].
Jordão, Patrícia; Mendes, Pedro e Gonçalves,
Alexandre. Alto da Vigia (Colares, Sintra). Relatório dos Trabalhos
Arqueológicos [de 2008], 2009 [policopiado].
Marques Gonçalves,
Alexandre . Escavação arqueológica do Alto da Vigia
(Colares-Sintra): Relatório da intervenção realizada em 2015, 2016
[policopiado].
Abenalcotía. Historia de la conquista de España
de Abenalcotía el Cordobés. Seguida de fragmentos históricos de
Abencotaiba, etc., trad. de Ribera,
Don Julián. Madrid: Tipografía de la Revista de Archivos, 1926.
Al-Bakri, Abu Ubayd. Geografia de España (Kitab
al-Masalik Wa-l-Mamalik), introd.,
trad, notas e índ, por Vidal Beltran, Eliseo. Zaragoza: Anubar, 1982.
Al-Himyari. Kitab ar-Rawd al-Mi’tar, trad. por Maestro González, Mª Pilar. Valencia:Anubar,
1963.
Alves, Adalberto. Dicionário
de Arabismos da Língua Portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da
Moeda, 2013.
Barros, João de. Chronica do
Emperador Clarimundo, Donde os Reis de Portugal Descendem, quinta impressão,
t. III. Lisboa: Na Officina de João António da Silva, 1791.
Borges Coelho,
António. Portugal na Espanha Árabe, 3.ª ed., rev. Lisboa: Editorial Caminho,
2008.
Caetano, Maria
Teresa. Colares. Sintra: Câmara Municipal de Sintra, 2000.
Cardoso, Guilherme;
Miranda, Jorge e Teixeira, Carlos A. Registo
fotográfico de Alcabideche e alguns apontamentos histórico-administrativos. Alcabideche:
Junta de
Freguesia de
Alcabideche, 2009.
Idrisi. Geografia de
España.
Valencia: Anubar, 1974.
Pereda, Felipe e
Marías, Fernando (eds.). El Atlas del Rey Planeta. La «descripción de España y de las
costas y puertos de sus reinos» de Pedro Teixeira (1634). San Sebastián:
Editorial Nerea, 2002.
Picard, Christophe.
Le Portugal musulman (VIIIe-XIIIe siècle). L’Occident d’al-Andalus sous
domination islamique. Paris: Maisonneuve et Larose, 2000.
Rei, António. O Gharb
al-Andalus al-Aqsâ na Geografia Árabe (séculos III h./IX d.C.-XI h./XVII d.C.). Lisboa: Instituto
de Estudos Medievais, 2012.
Santanna, Frei
Joseph Pereira de. Chronica dos Carmelitas da Antiga, e
Regular Observancia Nestes Reynos de Portugal, Algarves, e seus Domínios, t. II. Lisboa: Na
Officina
dos Herdeiros de António Pedrozo Galram, 1751.
Branco Correia,
Fernando. “A acção do poder político nas actividades portuárias e na navegação
no ocidente islâmico. Alguns tópicos”, em Solórzano Telechea, Jesús Angele
Viana, Mário (eds.). Economia e Instituições na Idade
Média. Novas Abordagens.Ponta Delgada: Centro de Estudos
Gaspar Frutuoso, 2013.
Branco Correia,
Fernando. “Fortificações de iniciativa omíada no Gharb al-Andalus nos séculos
IX e X-hipóteses em torno da chegada dos Majus (entre Tejo e
Mondego)”,
em Ferreira
Fernandes, Isabel Cristina (coord.), Fortificações
e Território na Península Ibérica e no Magreb (séculos VI a XVI), vol. I. Lisboa:
Edições Colibri/Campo
Arqueológico de
Mértola, 2013.
Cardim Ribeiro,
José. “Ad Antiquitates Vestigandas. Destinos e itinerários
antiquaristas nos campos olisiponenses ocidentais desde inícios a meados do
século XVI”, em González Germain, Gerard (coord.), Peregrinationes
ad inscriptiones colligendas. Estudios sobre epigrafía de tradición manuscrita. Bellaterra: Universitat Autònoma de
Barcelona, 2016.
Catarino, Helena.
“Breve sinopse sobre topónimos Arrábida na costa portuguesa”, em Franco
Sánchez, Francisco (ed.), em La Rábita en el Islam. Estudios Interdisciplinares.
Congressos Internacionals de Sant Carles de la Ràpita (1989,
1997). Sant Carles de la Ràpita/Alacant:
Ajuntament de Sant Carles de la Ràpita/Universitat d’Alacant, 2004.
Coelho, Catarina.
“Castelo de Sintra: evidências arqueológicas do quotidiano entre os séculos
IX-XII”, em Ferreira Fernandes, Isabel Cristina (coord.), Fortificações
e Território
na Península Ibérica e no Magreb (séculos VI a XVI), vol. II. Lisboa: Edições
Colibri/Campo Arqueológico de Mértola, 2013.
Coelho, Catarina.
“O castelo dos Mouros (Sintra)”, em Ferreira Fernandes, Isabel Cristina
(coord.), Mil Anos de Fortificações na Península e no Magreb (500-1500). Actas do
Simpósio Internacional sobre Castelos. Lisboa: Edições
Colibri, 2002.
João de Sousa,
Maria. “The castelo dos Mouros, Sintra”, em Portugal. Report and proceedings
of the 157th Summer Meeting of the Royal Archaeological Institute in 2011. London: The Royal
Archaeological Institute, 2012.
Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante a Época
Islâmica. II-Em torno do porto de Cascais”, em Cunha, Ana; Pinto, Olímpia e Oliveira
Martins, Raquel de (coords.), Paisagens e Poderes no Medievo
Ibérico. Actas do I Encontro Ibérico de Jovens
Investigadores em História Medieval. Arqueologia, História e
Património.
Braga: Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e
Memória»/Universidade do Minho, 2014.
Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira no distrito de Lisboa durante o período islâmico. I-A
área a ocidente da cidade de Lisboa”, em Tente, Catarina, et al. (coords.),
Lisboa
Medieval: Gentes, Espaços e Poderes. Textos seleccionados
do III Colóquio Internacional «A Nova Lisboa Medieval» (Lisboa, FCSHNOVA, 20-22
de Novembro de 2013). Lisboa: Instituto de Estudos
Medievais (no prelo).
Oliveira Borges,
Marco. “Paisagem cultural marítima de Sintra: uma abordagem
histórico-arqueológica”, em Actas do I Colóquio Ibérico de
Paisagem. O estudo e aconstrução da Paisagem como problema metodológico (no prelo).
Oliveira Borges,
Marco. “Portos e ancoradouros do litoral de Sintra-Cascais. Da Antiguidade à
Idade Moderna (I)”, em Actas das Jornadas do Mar 2014. Mar:
Uma
onda de Progresso. Almada: Escola Naval, 2015.
Oliveira Marques,
A. H. de “O «Portugal» islâmico”, em Serrão, Joel e Oliveira Marques, A. H. de
(Dir.), Nova História de Portugal, vol. II-Portugal das
Invasões
Germânicas à Reconquista. Lisboa: Editorial Presença, 1993.
Pereda, Felipe e
Marías, Fernando (eds.). “Les Ribats au Portugal à l’époque musulmane: sources
et définitions”, em Ferreira Fernandes, Isabel Cristina (coord.), Mil Anos de
Fortificações na Península e no Magreb (500-1500). Actas do Simpósio Internacional
sobre Castelos. Lisboa: Edições Colibri, 2002.
Cachão, M., et al. “A mina de granadas do Monte
Suímo: de Plínio-o-Velho e Paul Choffat à actualidade”, em E-Terra. Revista
Electrónica de Ciências da Terra, vol. XVIII, núm. 20, 2010.
Carvalho, Sérgio Luís de. “A presença árabe em Sintra
durante a Idade Média”, em História, núm. 101, 1987.
Coelho, Catarina.
“A ocupação islâmica do castelo dos Mouros (Sintra): interpretação comparada”,
em Revista Portuguesa de Arqueologia, vol. III, núm. 1, 2000.
Coelho Pimenta,
Frederico. “Subsídios para o estudo do material anfórico conservado no Museu
Regional de Sintra”, em Sintria, vols. I-II, t. I, 1982-1983.
Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante o Garb
al-Ândalus. I-Em torno do porto de Colares”, em História. Revista da FLUP,
IV sér., vol. II, 2012.
Oliveira Borges,
Marco. “A importância do porto do Touro e do sítio arqueológico do Espigão das
Ruivas (Cascais) entre a Idade do Ferro e a Idade Moderna”, em História.
Revista da FLUP, IV sér., vol. VI, 2016.
Oliveira Borges,
Marco. “Aspectos de militarização e defesa costeira no Garb al- Ândalus: o caso
de Cascais”, em Revista Universitaria de Historia Militar (no prelo).
Oliveira Borges,
Marco. “Em torno da preparação do cerco de Lisboa (1147) e de uma possível
estratégia marítima pensada por D. Afonso Henriques”, em História. Revista
da FLUP, IV sér., vol. III, 2013.
Oliveira Borges,
Marco e Condeço de Castro, Helena. “O navegador muçulmano Khashkhash e a
possível ligação com o topónimo Cascais: problemas e possibilidades”, em Arquivo
de Cascais, núm. 14, 2015, pp. 6-29.
Pires, Hélio. Incursões
nórdicas no Ocidente Ibérico (844-1147): fontes, história e vestígios, (tese
de doutoramento), UNL, 2012.
Alarcão, Jorge de e
Barroca, Mário (coords.). Dicionário de Arqueologia Portuguesa. Porto: Figueirinhas,
2012.
Avieno. Orla
Marítima. Coimbra: Instituto Nacional de Investigação Científica/ Centro de
Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, 1992.
Christys, Ann. Vikings
in the South. Voyages to Iberia and the Mediterranean. London/ New York: Bloomsbury Academic, 2015.
Garcia Domingues,
José D. História Luso-Árabe. Episódios e Figuras Meridionais. Lisboa:
Pró-Domo, 1945.
Garcia Domingues,
José D. O Nacionalismo Luso-Árabe e a sua contribuição para a constituição
de Portugal, sep. do XXIII Congresso Luso-Espanhol (Coimbra, 1-5 de Junho
de 1956), VIII, Coimbra, 1957.
Gomes Barbosa,
Pedro. Reconquista Cristã. Séculos IX-XII. Lisboa: Ésquilo, 2008.
Lacoste, Yves. A
Geografia serve antes de mais para fazer a Guerra. Lisboa: Iniciativas
Editoriais, 1977.
Machado, José
Pedro. Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, 2.ª ed.,
vol. I. Lisboa: Livros Horizonte, 1993.
Maquiavel, Nicolau.
O Príncipe, introd. de Barreiros, José António. Lisboa: Editorial
Presença, 2008.
Santos Mendes,
Francisco José dos. O Nascimento da Margem Sul. Paróquias, Concelhos
e Comendas (1147-1385). Lisboa: Edições Colibri, 2011.
Montero, Santiago. El Emperador y los ríos. Religión,
ingeniería y política en el Imperio Romano. Madrid: Universidad
Nacional de Educácion a Distancia, 2012.
Picard, Christophe. La mer et les Musulmans d’occident au
Moyen Age (VIIIe-XIIIe siècle). Paris: Presses Universitaires de France, 1997.
Picard, Christophe.
L’océan Atlantique musulman. De la conquête arabe à l’époque almohade. Navigation et mise en
valeur des côtes d’al-Andalus et du Maghreb occidental
(Portugal-Espagne-Maroc). Paris:
Maisonneuve et Larose, 1997.
Azuar, “O
contributo da Arqueologia para o estudo dos ribat-s do Al-Andalus”, em Ribat
da Arrifana. Cultura material e espiritualidade. Aljezur: Associação de
Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur, 2007.
Oliveira Borges,
Marco. “Navegação comercial fluvio-marítima e povoamento no Ocidente do Municipium
Olisiponense: em torno dos rios Lizandro (Mafra) e Colares (Sintra)”, em Estudos
em História da Antiguidade Clássica (no prelo).
Bramon, Dolors. “La Ràpita del Cascall al delta de l’Ebre”, em
Franco Sánchez, Francisco (ed.), em La Rábita en el Islam. Estudios
Interdisciplinares. Congressos Internacionals de Sant Carles de la
Ràpita (1989, 1997). Sant Carles de la Ràpita/ Alacant: Ajuntament de Sant
Carles de la Ràpita/Universitat d’Alacant, 2004.
Carvalho, António
Rafael e Wu, Chia-Chin. “A influência do oceano Atlântico/Bahr Uqiyanus al-A´zam
na procura de Deus/Allah: uma reflexão, desde o Alentejo litoral/sahil de
al-Qasr, até à costa vicentina/sahil de Silves” (no prelo).
Epalza, Míkel de.
“La Ràpita Islámica: Historia Institucional”, em Franco Sánchez, Francisco
(ed.), em La Rábita en el Islam. Estudios Interdisciplinares. Congressos Internacionals
de Sant Carles de la Ràpita (1989, 1997). Sant Carles de la Ràpita/
Alacant: Ajuntament de Sant Carles de la Ràpita/Universitat d’Alacant, 2004.
Ford, Ben.
“Introduction”, em Ford, Ben (ed.), The archaeology of maritime landscapes.
New York: Springer, 2011.
Varela Gomes,
Mário. “Ibn Qasi-Vida e obra do mestre sufi da Arrifana”, em Ribat da
Arrifana. Cultura material e espiritualidade. Aljezur: Associação de Defesa
do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur, 2007.
Varela Gomes, Rosa
e Varela Gomes, Mário. “Ambiente natural e complexo edificado”, em Ribat da
Arrifana. Cultura material e espiritualidade. Aljezur: Associação de Defesa
do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur, 2007.
González Salgado, José Antonio. “Orígenes y clasificación de la
toponimia mayor estremeña”, em Girón Alconchel, José Luís e Bustos Tovar, José
Jesús de (coords.), Actas del VI Congreso Internacional de Historia de la
Lengua Española, vol. 2. Madrid: Universidad Complutense de Madrid, 2006.
Macias, Santiago. “Archéologi islamique au Portugal: bilan et
thèmes de recherche”, em Sénac, Philippe (ed.), Histoire et archéologi de
l’Occident musulman (VIIe-XVe siècles). Al-Andalus, Maghreb et Sicile. Toulouse: CNRS-Université de Toulouse-Le Mirail,
2012.
Macias, Santiago.
“Resenha dos factos políticos”, em Mattoso, José (Dir.), História de
Portugal, vol. I-Antes de Portugal. [s.l.]: Editorial Estampa, 1997.
Mattoso, José.
“Notas críticas às notas de fim de volume”, em Herculano, Alexandre, História
de Portugal. Desde o começo da Monarquia até o fim do Reinado de Afonso
III, vol. I. Amadora: Livraria Bertrand, 1980.
Alves Conde, Manuel
Sílvio. “Sesimbra, sobre a Costa do Mar” em Arquipélago. História. Revista
da Universidade dos Açores, 2ª sér., vol. VII, 2003.
Azuar, R. “El ribât en al-Andalus: espacio y función”, em Ilu.
Revista de Ciencias de las Religiones. Anejos,
vol. X, 2004.
Carvalho, António
Rafael e Sousa, Vítor Rafael de. “A presença tardoromana e muçulmana na praia
dos Coelhos. Notícia preliminar”, em Al-Madan, II sér., núm. 12, 2003.
Correia, J. Diogo.
“Toponímia estremenha”, em Estremadura. Boletim da Junta de Província,
sér. II, núm. 44-46, 1957.
Gordón Peral, María
Dolores. “De Toponimia Hispalense”, em Philologia Hispalensis, vol. II,
fasc. 1, 1987.
Guedes Real, Mário,
“Toponímia árabe da Estremadura”, em Estremadura. Boletim da Junta de
Província, II sér., núm. 10, 1945.
Picard, Christophe
e Ferreira Fernandes, Isabel Cristina. “La défense côtière à l’époque
musulmane: l’exemple de la presqu’île de Setúbal”, em Archéologie Islamique,
núm. 8, 1999.
Pires, Hélio. “Word
from the South: a source for Morkinskinna?”, em Viking and Medieval
Scandinavia, núm. 10, 2014.
Varela Gomes, Rosa
e Varela Gomes, Mário. “O Ribat da Arrifana (Aljezur, Algarve):
resultados da campanha de escavações arqueológicas de 2002”, em Revista
Portuguesa de Arqueologia, vol. VII, núm. 1, 2004.
Cavaco, Sandra. O
arrabalde da Bela Fria. Contributos para o estudo da Tavira islámica
(dissertação de mestrado), Universidad de Aveiro-UA, 2011.
Lirola Delgado, Jorge. El poder naval de al-Andalus en la
época del califato omeya (siglo IV hégira/X era cristiana), (tesis
doctoral), vol. I, Universidad de
Guanajuato-UG, 1991.
Oliveira Borges,
Marco. O porto de Cascais durante a Expansão Quatrocentista. Apoio à navegação
e defesa costeira, (dissertação de Mestrado), Universidad de Lisboa-UL,
2012.
Oliveira-Leitão,
André de. Povoamento no Baixo Vale do Tejo: entre a territorialização e
a militarização (meados do século IX-início do século XIV), (dissertação
mestrado), Universidad de Lisboa-UL,
2011.
Notas
* Este artigo resulta de investigações pessoais que têm
vindo a ganhar forma desde 2009, no âmbito da ligação à Universidade de Lisboa,
visando compreender a militarização, a defesa costeira e o povoamento na área
ocidental do distrito de Lisboa durante o Período Islâmico.
1 Sobre este
assunto: Oliveira Borges, Marco. “Em torno da preparação do cerco de Lisboa
(1147) e de uma possível estratégia marítima pensada por D. Afonso Henriques”,
em História. Revista da FLUP, vol. IV sér., núm. 3, Porto, Faculdade de
Letras da Universidade do Porto, 2013, pp. 123-144.
2 Para o caso de
Oeiras: os dados e a bibliografia indicada por Oliveira Borges, Marco. “A
defesa costeira no distrito de Lisboa durante o período islâmico. I-A área a
ocidente da cidade de Lisboa ”, em Tente, Catarina; et al. (coords.), Lisboa
Medieval: Gentes, Espaços e Poderes. Textos seleccionados do IIIColóquio
Internacional «A Nova Lisboa Medieval» (Lisboa, FCSHNOVA, 20-22 de Novembro de
2013) (Lisboa: Instituto de Estudos Medievais) (no prelo).
3 A súmula dos estudos indicados por Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira do litoral de SintraCascais durante a Época Islâmica.
II-Em torno do porto de Cascais”, em Cunha, Ana; Pinto, Olímpia Oliveira
Martins, Raquel de (coords.), Paisagens e Poderes no Medievo Ibérico. Actas
do I Encontro Ibérico de Jovens Investigadores em História Medieval.
Arqueologia, História e Património, núm. 44 (Braga: Centro de Investigação
Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória»/Universidade do Minho, 2014), pp.
414-415.
4 Recentemente, no
âmbito do programa televisivo “Caminhos” (RTP2), tivemos a oportunidade de
participar num episódio sobre “A defesa costeira no litoral de Sintra-Cascais
durante o Período Islâmico”, o qual pode ser visto através da seguinte ligação,
https://www.youtube.com/watch?v=xVvG-KbkVvw&t=12s (10 de Maio de 2015).
5 Sobre esta noção:
Ford, Ben. “Introduction”, em Ford, Ben (ed.), The
archaeology of maritime landscapes (New York: Springer, 2011), pp. 1-9. Para o caso de Sintra: Borges, Marco Oliveira.
“Paisagem cultural marítima de Sintra: uma abordagem histórico-arqueológica”,
em Actas do I Colóquio Ibérico de Paisagem. O estudo e a construção
da Paisagem como problema metodológico (no prelo).
6 Por exemplo:
Christys, Ann. Vikings in the South. Voyages to Iberia and the Mediterranean
(London/New York: Bloomsbury Academic, 2015), p. 76.
7 Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante o Garb
al-Ândalus. I-Em torno do porto de Colares”, em História. Revista da FLUP,
vol. IV sér., núm. 2, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto,
2012; pp. 109-128; O porto de Cascais durante a Expansão Quatrocentista.
Apoio à navegação e defesa costeira (dissertação de mestrado), UL, 2012,
pp. 165-205; “Em torno da preparação do cerco de Lisboa (1147) e de uma
possível estratégia marítima pensada por D. Afonso Henriques”..., pp. 126 140;
“A defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante a Época Islâmica. IIEm
torno do porto de Cascais”, em Cunha, Ana, Pinto, Olímpia e Martins, Raquel de
Oliveira (coord.), Paisagens e Poderes no Medievo Ibérico. Actas do I
Encontro Ibérico de Jovens Investigadores em História Medieval.
Arqueologia, História e Património…, pp. 409-435.
8 Daveau, Suzanne.
“História e Geografia: divórcio ou complementaridade?”, em Seminário
Internacional José Mattoso. Diálogos em torno da interdisciplinaridade:
para uma outra visão da Idade Média, Universidade Nova de Lisboa, 20 de
Novembro de 2014.
9 Por exemplo, Montero, Santiago. El Emperador y los ríos.
Religión, ingeniería y política en el Imperio Romano (Madrid:
Universidad Nacional de Educácion a Distancia, 2012), pp. 36-37.
10 Lacoste, Yves. A
Geografia serve antes de mais para fazer a Guerra (Lisboa: Iniciativas
Editoriais, 1977), pp. 8-16, embora não concordado totalmente quando se refere
que este pensamento “não significa recordar as origens históricas do pensamento
geográfico”. Pode muito bem levar a isso.
11 Maquiavel,
Nicolau. O Príncipe, introd. de Barreiros, José António, caps. III-V
(Lisboa: Editorial Presença, 2008), caps. III-V, pp. 95-105 e passim.
12 Note-se, a
título de exemplo, a seguinte passagem: “Portanto, [o príncipe] nunca deve
descurar o exercício da guerra, e deve exercitar-se mais em tempo de paz do que
em tempo de guerra; o que pode fazer de duas maneiras: pelas obras ou em
espírito. Quanto às obras, para além de manter os seus homens disciplinados e
adestrados, deve dedicar-se à arte da caça, para habituar o corpo ao desconforto,
e aprender a conhecer a natureza dos
lugares, e a ver onde se erguem as montanhas, onde desembocam os vales, a
extensão das planícies, e perceber a natureza dos rios e dos pântanos que
existem, e estando sempre muito atento a tudo. Tal conhecimento é-lhe
proveitoso de duas maneiras: primeiro, aprende a conhecer o seu país, e fica a
conhecer melhor as suas defesas; segundo, graças ao conhecimento e à frequência
desses lugares, pode compreender melhor qualquer outro lugar que necessite de
explorar, jáque os outeiros, os vales, asplanícies, os rios e os pântanos que
existem, por exemplo, na Toscana têm certa semelhança com os das outras
regiões, de modo que pelo conhecimento da paisagem de uma província se pode
facilmente conhece as outras. O príncipe que não seja perito nesta matéria não
possui a principal qualidade que um chefe militar deve possuir; porque é ela
que o ensina a descobrir o inimigo, a escolher o melhor local para acantonar, a
guiar os exércitos, a preparar as campanhas, a cercar com vantagem as cidades” Ibíd.,
cap. XIV, p. 143.
13 Barbosa, Pedro
Gomes. Reconquista Cristã. Séculos IX-XII (Lisboa: Ésquilo, 2008), pp.
29-30.
14 Oliveira
Marques, A. H. de “O «Portugal» islâmico”, em Serrão, Joel e Oliveira Marques,
A. H. de (Dir.), Nova História de Portugal, vol. II-Portugal das
Invasões Germânicas à Reconquista (Lisboa: Editorial Presença, 1993), p.
122; Picard, Christophe. Le Portugal musulman (VIII-XIIIe siècle).
L’Occident d’alAndalus sous domination islamique (Paris: Maisonneuve et Larose,
2000), pp. 22-23.
15 Barbosa, Pedro
Gomes, Op Cit., p. 31.
16 Pires, Hélio. Incursões
nórdicas no Ocidente Ibérico (844-1147): fontes, história e vestígios (tese
de doutoramento), UNL, 2012, p. 243.
17 Ibíd.
18 As atalaias
podiam ser estruturas arquitectónicas (normalmente turriformes) ou simples
locais destacados na paisagem de onde se exercia a vigilância e alertava para a
chegada de inimigos (Barroca, Mário.“Atalaia”, em Alarcão, Jorge de e Barroca,
Mário (coord.), Dicionário de Arqueologia Portuguesa (Porto:
Figueirinhas, 2012), pp. 48-49.
19 Sobre este
termo, vide infra, núms. 50 e 51.
20 Sobre todas
estas medidas: Abenalcotía. Historia de la conquista de España de
Abenalcotía el Cordobés. Seguida de fragmentos históricos de
Abencotaiba, etc., trad. de Ribera, Don Julián (Madrid: Tipografía de la
Revista de Archivos, 1926), p. 53; Borges Coelho, António. Portugal na Espanha Árabe, 3.ª ed. rev. (Lisboa: Editorial Caminho, 2008), pp.
169 e 173; Lirola Delgado, Jorge. El poder naval de al-Andalus en
la época del califato omeya (siglo IV hégira/X era cristiana), (tesis
doctoral), vol. I., UG, 1991, pp. 122-125; Picard, Christophe. La mer et les
Musulmans d’occident au Moyen Age (VIIIe-XIIIe siècle) (Paris: Presses
Universitaires de France, 1997), pp. 148 e 156; Catarino, Helena. “Breve sinopse sobre topónimos Arrábida na costa
portuguesa”, em Franco Sánchez, Francisco (ed.), em La Rábita en el Islam.
Estudios Interdisciplinares. Congressos Internacionals de Sant Carles de la
Ràpita (1989, 1997) (Sant Carles de la Ràpita/Alacant: Ajuntament de Sant
Carles de la Ràpita/Universitat d’Alacant, 2004), pp. 263- 267; Branco Correia,
Fernando. “A acção do poder político nas actividades portuárias e na navegação
no ocidente islâmico. Alguns tópicos”, em Solórzano Telechea, Jesús Angel e
Viana, Mário (eds.), Economia e Instituições na Idade Média. Novas
Abordagens (Ponta Delgada: Centro de Estudos Gaspar Frutuoso, 2013), pp.
14-38.
21 Idrisi. Geografia
de España (Valencia: Anubar, 1974), p. 74.
22 Coelho, Catarina.
“O castelo dos Mouros (Sintra)”, em Ferreira Fernandes, Isabel Cristina
(coord.), Mil Anos de Fortificações na Península e no Magreb (500-1500).
Actas do Simpósio Internacional sobre Castelos (Lisboa: Edições
Colibri, 2002), p. 394.
23 Al-Bakri, Abu
Ubayd. Geografia de España (Kitab al-Masalik Wa-l-Mamalik), introd.,
trad, notas e índ, por Vidal Beltran, Eliseo (Zaragoza: Anubar, 1982), pp.
17-18; Rei, António. O Gharb al-Andalus al-Aqsâ na Geografia Árabe
(séculos III h./IX d.C.-XI h./XVII d.C.) (Lisboa: Instituto de Estudos
Medievais, 2012), pp. 124-125.
24 Al-Himyari. Kitab
ar-Rawd al-Mi’tar, trad. por Maestro González, Mª Pilar (Valencia: Anubar,
1963), p. 233; Borges Coelho, António, Op Cit., p. 49; Rei, António, Op
Cit., p. 166.
25 Pavon Maldonado, Basilio. Ciudades y Fortalezas
LusoMusulmanas. Crónicas de viajes por el sur de Portugal (Madrid:
Instituto de Cooperación con el Mundo Árabe, 1993), pp. 20-25; Picard,
Christophe e Ferreira Fernandes, Isabel Cristina. “La défense côtière à l’époque musulmane: l’exemple de
la presqu’île de Setúbal”, em Archéologie Islamique, núm. 8, Paris,
1999, pp. 74-75; Coelho, Catarina. “A ocupação islâmica do Castelo dos Mouros
(Sintra): interpretação comparada”, em Revista Portuguesa de Arqueologia,
vol. III, núm. 1, Lisboa, 2000, pp. 210-211, 214 e 218; Picard, Christophe. Le
Portugal musulman…, pp. 209-210 e 215; Coelho, Catarina. “Castelo de
Sintra: evidências arqueológicas do quotidiano entre os séculos IX-XII”, em
Ferreira Fernandes, Isabel Cristina (coord.), Fortificações e Território na
Península Ibérica e no Magreb (séculos VI a XVI), vol. II (Lisboa:
Edições Colibri/Campo Arqueológico de Mértola, 2013), pp. 739-740.
26 Sousa, Maria
João de. “The castelo dos Mouros, Sintra”, em Portugal. Report and proceedings of the
157th Summer Meeting of the Royal Archaeological Institute in 2011 (London:
The Royal Archaeological Institute, 2012), p. 53.
27 Chegou a ser
referido que na área do castelo dos Mouros poderáter existido uma torre de
vigia romana para observar o território em redor e o movimento marítimo, sendo
possível observar dali as ilhas Berlengas, onde existiam assentamentos romanos.
Ibíd
28 Sobre a
comunicação visual entre Sintra e a Margem Sul do Tejo, os importantes dados
aduzidos por Branco Correia, Fernando. “A acção do poder político as
actividades portuárias e na navegação no ocidente islâmico. Alguns tópicos”, em
Solórzano Telechea, Jesús Angel e Viana, Mário (eds.). Economia e Instituições
na Idade Média. Novas Abordagens…, pp. 20-22; Branco Correia, Fernando.
“Fortificações de iniciativa omíada no Gharb al-Andalus nos séculos IX e
X-hipóteses em torno da chegada dos Majus (entre Tejo e Mondego)”…, pp.
77-79.
29 Coelho,
Catarina. “O Castelo dos Mouros (Sintra)”..., p. 3; Borges, Marco Oliveira. “A
defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante o Garb al-Ândalus. I-Em
torno do porto de Colares”..., pp. 111-112; Oliveira Borges, Marco. O porto
de Cascais…, pp. 175-176; Oliveira Borges, Marco. “Em torno da preparação
do cerco de Lisboa (1147) e de uma possível estratégia marítima pensada por D.
Afonso Henriques ”..., pp. 133-134; Correia, Fernando Branco. “A acção do poder
político nas actividades portuárias e na navegação no ocidente islâmico. Alguns
tópicos”..., pp. 20-22; Branco Correia, Fernando. “Fortificações de iniciativa
omíada no Gharb al-Andalus nos séculos IX e X-hipóteses em torno da chegada dos
Majus (entre Tejo e Mondego)”..., pp. 77-79.
30 Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante o Garb
al-Ândalus. I-Em torno do porto de Colares”..., pp. 111-112; Oliveira Borges,
Marco. O porto de Cascais…, pp. 175-176. Sobre este assunto igualmente o
vídeo citado na núm. 4.
31 Caetano, Maria
Teresa. Colares (Sintra: Câmara Municipal de Sintra, 2000), pp. 35-36,
núm. 91.
32 Barros, João de.
Chronica do Emperador Clarimundo, Donde os Reis de Portugal Descendem,
quinta impressão, t. III, cap. I, (Lisboa: Na Officina de João António da
Silva, 1791), pp. 33 e 37-38.
33 Pereira de
Santanna, Frei Joseph. Chronica dos Carmelitas da Antiga, e Regular
Observancia Nestes Reynos de Portugal, Algarves, e seus Domínios, t.
II (Lisboa: Na Officina dos Herdeiros de António Pedrozo Galram, 1751), pp.
88-89.
34 Caetano, Maria
Teresa. Op. Cit., núms. 243 e 245, pp. 104-107.
35 Barros, João de.
Op. Cit., cap. I, pp. 19-20.
36 Coelho,
Catarina. “A ocupação islâmica do castelo dos Mouros (Sintra): interpretação comparada”...,
p. 210; “O Castelo dos Mouros (Sintra)”..., p. 394.
37 Mattoso, José.
“Notas críticas às notas de fim de volume”, em Herculano, Alexandre, História
de Portugal. Desde o começo da Monarquia até o fim do Reinado de Afonso
III, vol. I (Amadora: Livraria Bertrand, 1980), p. 694; Oliveira-Leitão,
André de. Povoamento no Baixo Vale do Tejo: entre a territorialização e a
militarização (meados do século IX – início do século XIV) (dissertação
mestrado), UL, 2011, p. 102.
38 Barros, João de.
Op. Cit., cap. III, pp. 35-37.
39 Correia, J.
Diogo. “Toponímia estremenha”, em Estremadura. Boletim da Junta de Província,
sér. II, núm. XLIV-XLVI, Lisboa, 1957, pp. 128-129.
40 Ibíd.;
Caetano, Maria Teresa, Op. Cit., p. 9.
41 Alves,
Adalberto. “Mucifal”, em Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa (Lisboa:
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2013), p. 407.
42 Ibíd, p.
664.
43 Coelho Pimenta,
Frederico. “Subsídios para o estudo do material anfórico conservado no Museu
Regional de Sintra”, em Sintria, vols. I-II, t. I, Sintra, Museu
Regional de Sintra-Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas, 1982-1983, pp.
135-138 e 145-147; Oliveira Borges, Marco. “Portos e ancoradouros do litoral de
Sintra-Cascais. Da Antiguidade à Idade Moderna (I)”, em Actas das Jornadas
do Mar 2014. Mar: Uma onda de
Progresso (Almada: Escola Naval, 2015), pp. 154-155; Oliveira Borges,
Marco. “Navegação comercial fluvio-marítima e povoamento no Ocidente do Municipium
Olisiponense: em torno dos ríos Lizandro (Mafra) e Colares (Sintra)”, em Estudos
em História da Antiguidade Clássica (no prelo).
44 Alves,
Adalberto. “Nafarros” em Op. Cit., p. 673.
45 Guedes Real,
Mário “Toponímia árabe da Estremadura”, em Estremadura. Boletim da Junta de
Província, sér. II, núm. 10, Lisboa, 1945, p. 301; Carvalho, Sérgio Luís
de. “A presença árabe em Sintra durante a Idade Média”, em História,
núm. 101, 1987, p. 90.
46 Oliveira Borges,
Marco. “O sistema defensivo de Sintra durante o Período islâmico”, em Congresso
Internacional O Mediterrâneo e o Sul Ibérico na Época Medieval. Cultura,
Identidade e Património, Universidade de Évora, 23 de Maio de 2014.
47 Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante o Garb
al-Ândalus. I-Em torno do porto de Colares”..., pp. 116-128; “Portos e
ancoradouros do litoral de Sintra-Cascais. Da Antiguidade à Idade Moderna
(I)”..., pp. 152-160; “Navegação comercial fluvio-marítima e povoamento no
Ocidente do Municipium Olisiponense: em torno dos rios Lizandro (Mafra)
e Colares (Sintra)”...
48 Até recentemente
foi interpretada pelos arqueólogos como sendo a torre de um facho (Jordão,
Patrícia, Mendes, Pedro e Gonçalves,
Alexandre. Alto da Vigia (Colares, Sintra). Relatório dos Trabalhos Arqueológicos
[de 2008], 2009, p. 3 [policopiado]; Gonçalves, Alexandre Marques. Alto
da Vigia (Colares, Sintra). Relatório dos trabalhos arqueológicos de 2013,
2014, pp. 11-12 [policopiado]).
49 Gonçalves,
Alexandre Marques. Escavação arqueológica do Alto da Vigia (Colares-Sintra):
relatório da intervenção realizada em 2015, 2016, pp. 7-9, 67 e
70-75 [policopiado].
50 Epalza, Míkel de. “La Ràpita Islámica: Historia
Institucional”..., pp. 6-7 e 27.
51 Ibíd., p. 27.
52 O geógrafo
Al-Bakri referiu que o al-Ândalus era um território de jihad, estando
rodeado por infiéis de diversas origens. Al-Bakri, Abu Ubayd, Op Cit.,
p. 39.
53 Azuar, R. “El ribât en al-Andalus: espacio y función”, em Ilu.
Revista de Ciencias de las Religiones. Anejos, vol. X, Madrid, 2004,
pp. 27-28; Azuar. “O contributo da
Arqueologia para o estudo dos ribat-s do Al-Andalus”, em Ribat da Arrifana.
Cultura material e espiritualidade (Aljezur: Associação de Defesa do
Património Histórico e Arqueológico de Aljezur, 2007), pp. 30-32.
54 Varela Gomes,
Rosa e Varela Gomes, Mário. “O Ribat da Arrifana (Aljezur, Algarve): resultados
da campanha de escavações arqueológicas de 2002”, em Revista Portuguesa de
Arqueologia, vol. VII, núm. 1, Lisboa, 2004, pp. 483 e 560; Varela Gomes,
Mário. “Ibn Qasi-Vida e obra do mestre sufi da Arrifana”…, p. 41.
55 Macias,
Santiago. “Resenha dos factos políticos”, em Mattoso, José (Dir.), História
de Portugal, vol. I-Antes de Portugal ([s.l.]: Editorial Estampa,
1997), p. 380; Cavaco, Sandra. O arrabalde da Bela Fria. Contributos
para o estudo da Tavira islâmica, (dissertação de mestrado), UA, 2011, pp.
57-59; Macias, Santiago. “Archéologi islamique au Portugal: bilan et thèmes de
recherche”, em Sénac, Philippe (ed.), Histoire et archéologi de l’Occident
musulman (VIIe-XVe siècles). Al-Andalus, Maghreb et Sicile (Toulouse: CNRS-Université
de Toulouse-Le Mirail, 2012), p. 109; Carvalho, António Rafael e Wu, Chia-Chin.
“A influência do oceano Atlântico/Bahr Uqiyanus al-A´zam na procura de
Deus/Allah: uma reflexão, desde o Alentejo litoral/sahil de al-Qasr, até à
costa vicentina/sahil de Silves” (no prelo).
56 Marques
Gonçalves, Alexandre. Escavação arqueológica do Alto da Vigia
(Colares-Sintra)…, pp. 8-9.
57 Contudo, na área
da praia dos Coelhos (Galápos, Setúbal), em pleno litoral da serra da Arrábida,
foram identificados vestígios arqueológicos que chegaram a levar à hipótese de
se estar perante um local onde existiu um ribat ou apenas uma rábita.
Carvalho, António Rafael e Sousa, Vítor Rafael de. “A presença tardoromana e
muçulmana na praia dos Coelhos. Notícia preliminar”, em Al-Madan, vol.
II sér., núm. 12, Almada, 2003, 187-188; Carvalho, António Rafael e Wu,
Chia-Chin, Op Cit.).
58 A bibliografia
indicada por Oliveira Borges, Marco. “A defesa costeira no distrito de Lisboa
durante o período islâmico. I-A área a ocidente da cidade de Lisboa”...
59 Marques
Gonçalves, Alexandre, Op Cit., p. 9.
60 Ibíd., pp.
14-15, 37, 46-48, 62 e 70.
61 Azuar, R. “El
ribât en al-Andalus: espacio y función”…, p. 23; “O contributo da Arqueologia
para o estudo dos ribat-s do Al-Andalus”…, pp. 29 e 35-36; Varela Gomes, Rosa e
Varela Gomes, Mário.“Ambiente natural e complexo edificado”…, pp. 63-64;
Marques Gonçalves, Alexandre, Op Cit., p. 9.
62 Ibíd.
63 É de salientar
que parte do sítio arqueológico, na área extrema Poente, foi desaparecendo com
o desabe de parte do Outeiro devido à acção dos agentes erosivos e de acidentes
naturais que ocorreram ao longo dos séculos (fig. 5).
64 Carvalho,
António Rafael e Wu, Chia-Chin, Op Cit., inclinam-se para a ideia de que
a estrutura que estáa ser escavada não seja um ribat, mas sim uma “zawiya,
como sinónimo de rabita”, tratando-se assim de uma pequena mesquita
isolada jáda época almorávida. No entanto, contrariamente a esta perspectiva,
a mesquita até agora identificada seráapenas uma de outras que farão parte do ribat.
65 Marques
Gonçalves, Alexandre, Op Cit, p. 9.
66 Ibíd.,
pp. 70-75.
67 Ibíd.,
pp. 67 e 89.
68 Ibíd.,
pp. 10, 35-36 e 91; Ribeiro, José Cardim. “Ad Antiquitates Vestigandas.
Destinos e itinerarios antiquaristas nos campos olisiponenses ocidentais desde
inícios a meados do século XVI”, em González Germain, Gerard (coord.), Peregrinationes
ad inscriptiones colligendas. Estudios sobre epigrafía de tradición
manuscrita (Bellaterra: Universitat Autònoma de Barcelona, 2016), p. 140.
69 Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante o Garb
al-Ândalus. I-Em torno do porto de Colares”..., pp. 119-120; O porto de
Cascais..., pp. 167-168, núm. 632 e 180; “Portos e ancoradouros do litoral
de Sintra-Cascais. Da Antiguidade à Idade Moderna (I)”..., p. 158; “Navegação
comercial fluvio-marítima e povoamento no Ocidente do Municipium
Olisiponense: em torno dos ríos Lizandro (Mafra) e Colares (Sintra)”...
70 Oliveira Borges,
Marco. O porto de Cascais…, p. 38.
71 Algumas rotas
comerciais da costa oriental mediterrânica e do Norte de África eram apoiadas
em rubut, com navios a chegarem das costas cristãs carregados de
produtos, sendo que o aviso da sua chegada era dado através das torres de vigia
com as gentes da região a acorrerem aos rubut para comerciarem. Azuar,
R. “El ribât en al-Andalus: espacio y función”..., pp. 28-29; “O contributo da
Arqueologia para o estudo dos ribat-s do Al-Andalus”..., p. 32).
72 Apud Bramon, Dolors. “La Ràpita del Cascall al delta
de l’Ebre”…, p. 120.
73 A posição
estratégica do Alto da Vigia e a possível extensão mais alargada da área
ocupada pelas estruturas islâmicas têm sido prontamente reconhecidas por alguns
investigadores que têm visitado o local, caso de Branco Correia, Fernando. “A
acção do poder político nas actividades portuárias e na navegação no ocidente
islâmico. Alguns tópicos”..., p. 20; “Fortificações de iniciativa omíada no
Gharb al-Andalus nos séculos IX e X-hipóteses em torno da chegada dos Majus
(entre Tejo e Mondego)”..., p. 77.
74 Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante o Garb
al-Ândalus. I-Em torno do porto de Colares”..., pp. 119-120; O porto de
Cascais ..., pp. 167-168, n. 632 e 180.
75 Marques
Gonçalves, Alexandre, Op Cit, pp. 70-75..
76 Ibíd.,
pp. 77-85.
77 Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante o Garb
al-Ândalus. I-Em torno do porto de Colares”..., pp. 119-120 e 125, núm. 89; O
porto de Cascais…, pp. 167-168, núm. 632 e 180.
78 Branco Correia,
Fernando. “Fortificações de iniciativa omíada no Gharb al-Andalus nos séculos
IX e X-hipóteses em torno da chegada dos Majus (entre Tejo e Mondego)”..., pp.
74-75.
79 Branco Correia,
Fernando. “A acção do poder político nas actividades portuárias e na navegação
no ocidente islâmico. Alguns tópicos”..., pp. 15, 21 e 24; “Fortificações de
iniciativa omíada no Gharb al-Andalus nos séculos IX e X-hipóteses em torno da
chegada dos Majus (entre Tejo e Mondego)”..., p. 75.
80 Caetano, Maria
Teresa, Op Cit., p. 41; Oliveira Borges, Marco. “A defesa costeira do
litoral de SintraCascais durante o Garb al-Ândalus. I-Em torno do porto de
Colares”..., pp. 124-125; O porto de Cascais…, pp. 167-168; “Portos e
ancoradouros do litoral de Sintra-Cascais. Da Antiguidade à Idade Moderna
(I)”…, p. 160; Pires, Hélio. “Word from the South: a source for Morkinskinna?”,
em Viking and Medieval Scandinavia,
núm. 10, Turnhout, 2014, p. 183.
81 Também referida
como praia da Vigia na cartografia antiga.
82 Machado, José
Pedro. “Alconchel”, em Dicionário Onomástico Etimológico da Língua
Portuguesa, 2.ª ed., vol. I (Lisboa: Livros Horizonte, 1993), p. 82.
83 Gordón Peral,
María Dolores. “De Toponimia Hispalense”, em Philologia Hispalensis,
vol. II, fasc. 1, Sevilla, Universidad de Sevilla, 1987, p. 149;
González Salgado, José Antonio. “Orígenes y clasificación de la toponimia mayor
estremeña”, em Girón Alconchel, José Luís e Bustos Tovar, José Jesús de
(coords.), Actas del VI Congreso Internacional de Historia de la Lengua
Española, vol. 2 (Madrid: Universidad Complutense de Madrid, 2006), p.
1449.
84 Numa outra
interpretação, Adalberto Alves vê Alconchel como uma variante de Alcanchal,
estando este topónimo relacionado com expressões como “o piso ou o solo
difícil”, “caminho difícil, com mau piso ou
intransitável”, Alves, Adalberto. “Alcanchal” e “Alconchel”, Op Cit.,
pp. 123 e 131).
85 Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira no distrito de Lisboa durante o período islâmico. I-A
área a
ocidente da cidade de Lisboa”...
86 Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante o Garb
al-Ândalus. I-Em torno do porto de Colares”..., pp. 111-113.
87 Na Antiguidade,
entre outras denominações, era conhecido por promontório de Ofiússa. Avieno. Orla
Marítima (Coimbra: Instituto Nacional de Investigação Científica/Centro de
Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, 1992) pp. 22 e 47,
núm. 33.
88 Oliveira Borges,
Marco. “A defesa costeira do litoral de Sintra-Cascais durante o Garb al-Ândalus.
I-Em torno do porto de Colares”..., pp. 111-113.
89 Picard,
Christophe. Le Portugal musulman…, núm. 47, p. 62.
90 Catarino,
Helena, Op Cit., p. 263.
91 A possível
identificação do termo “Aluía” com “Azóia” foi levantada por Borges Coelho,
António. Op Cit., pp. 172 e 204, núm. 72, sendo posteriormente aclarada
por Catarino, Helena, Op Cit., p. 264, reportando-se a autora à
localidade da serra de Sintra com o mesmo topónimo e que estájunto ao cabo da
Roca.
92 Picard,
Christophe. L’océan Atlantique musulman. De la conquête arabe à l’époque almohade.
Navigation et mise en valeur des côtes d’al-Andalus et du Maghreb occidental
(Portugal-Espagne-Maroc)
(Paris: Maisonneuve et Larose, 1997), p. 92; Oliveira Borges, Marco. “A defesa
costeira do litoral de
Sintra-Cascais durante o Garb al-Ândalus. I-Em torno do porto de Colares”…, pp.
110-112.
93 Os dados e a
bibliografia referida por Oliveira Borges, Marco “A importância do porto do
Touro e do sítio arqueológico do Espigão das Ruivas (Cascais) entre a Idade do
Ferro e a Idade Moderna”, em História. Revista da FLUP, IV sér.,
vol. 6, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2016, pp. 161-182.
94 Cardoso,
Guilherme, Miranda, Jorge e Teixeira, Carlos A. Registo fotográfico de
Alcabideche e alguns
apontamentos histórico-administrativos (Alcabideche: Junta de Freguesia
de Alcabideche, 2009), pp. 29-35 e 390-394.
95 Oliveira Borges,
Marco, Op Cit., pp. 177-178.
96 Oliveira Borges,
Marco. “Portos e ancoradouros do litoral de Sintra-Cascais. Da Antiguidade à
Idade Moderna (I)”..., pp. 162-164; “A importância do porto do Touro e do sítio
arqueológico do Espigão das Ruivas (Cascais) entre a Idade do Ferro e a Idade
Moderna”..., p. 180.
97 Ibíd., p.
175.
98 Oliveira Borges,
Marco e Condeço de Castro, Helena “O navegador muçulmano Khashkhash e a
possível ligação com o topónimo Cascais: problemas e possibilidades”, em Arquivo
de Cascais, núm. 14, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2015, pp. 6-29.
99 Os dados e a
bibliografia aduzida por Oliveira Borges, Marco. “Aspectos de militarização e
defesa costeira no Garb al-Ândalus: o caso de Cascais”, em Revista
Universitaria de Historia Militar (no prelo).
100 Al-Himyari, Op
Cit., p. 17; Coelho, António Borges, Op Cit., p. 47.
101 Oliveira
Borges, Marco. “A defesa costeira no distrito de Lisboa durante o período
islâmico. I-A área a ocidente da cidade de Lisboa”...; “Aspectos de
militarização e defesa costeira no Garb al-Ândalus: o caso de Cascais”...
102 Cachão, M. et
al. “A mina de granadas do Monte Suímo: de Plínio-o-Velho e Paul Choffat
à actualidade”, em E-Terra. Revista Electrónica de Ciências da Terra,
vol. XVIII, núm. 20, 2010, p. 2.
103 Adaptado de Pereda, Felipe e Marías, Fernando (eds.). El
Atlas del Rey Planeta. La «descripción de España y de las costas y
puertos de sus reinos» de Pedro Teixeira (1634) (San Sebastián: Editorial
Nerea, 2002).
104 Branco Correia,
Fernando. “A acção do poder político nas actividades portuárias e na navegação
no ocidente islâmico. Alguns tópicos”..., p. 15. “Fortificações de iniciativa
omíada no Gharb al-Andalus nos séculos IX e X-hipóteses em torno da chegada dos
Majus (entre Tejo e Mondego)”..., p. 75.
105 Picard,
Christophe. Le Portugal musulman…, p. 62.
106 Ibíd.
107 Picard,
Christophe e Ferreira Fernandes, Isabel Cristina, Op Cit., pp. 75-77;
Picard, Christophe. Le Portugal musulman…, pp. 62 e 163; Pereda,
Felipe e Marías, Fernando (eds.). “Les
Ribats au Portugal à l’époque musulmane: sources et définitions”…, pp. 204-205;
Alves Conde, Manuel Sílvio. “Sesimbra,
sobre a Costa do Mar”, em Arquipélago. História. Revista da
Universidade dos Açores, 2ª sér., vol. VII, Ponta Delgada, 2003, p. 248;
Santos Mendes, Francisco José dos. O Nascimento da Margem Sul. Paróquias,
Concelhos e Comendas (1147-1385) (Lisboa: Edições Colibri, 2011), p. 27.
108 Coelho,
Catarina. “A ocupação islâmica do castelo dos Mouros (Sintra): interpretação
comparada”..., p. 208; “O Castelo dos Mouros (Sintra)”..., p. 394. Uma revolta
iniciada em Lisboa, em 808-809, teve repercussões a toda a faixa ocidental
entre Coimbra e Beja. Entre as décadas de 860 e 880 o Ocidente da Península foi
agitado por quatro rebeliões sucessivas, todas elas chefiadas por Abd al-Rahman
Ibn Marwan Ibn Yunus, governador da marca de Mérida, que chegou a conquistar e
saquear Lisboa após uma dessas rebeliões iniciada em 876. Oliveira Marques, A.
H. de. “O «Portugal» islâmico”, Op Cit., pp. 124-126. Em 889-890, deu-se
uma nova revolta em Lisboa e nos territórios a Norte, “[...] o que mostra que o
controlo por parte dos Marwânidas conhecia eclipses e tomadas de poder por
outros magnates, ainda pouco conhecidos”, Ibíd.
109 Garcia
Domingues, José D. História Luso-Árabe. Episódios e Figuras Meridionais (Lisboa:
Pró-Domo, 1945), p. 101; O Nacionalismo Luso-Árabe e a sua contribuição para
a constituição de Portugal, sep. Do XXIII Congresso Luso-Espanhol
(Coimbra, 1-5 de Junho de 1956), VIII, Coimbra, 1957, p. 9, núm. 6.