A agência compartilhada de plantas e humanos na elaboração do mosaico de paisagens do Rio de Janeiro oitocentista: uma proposta metodológica
Publicado 2021-05-31
Palavras-chave
- História latino-americana,
- História da arte,
- Metodologia,
- Paisagem,
- Meio ambiente
- Brasil ...Mais
Como Citar
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Resumo
As iconografias sobre o Rio de Janeiro oitocentista, RJ, Brasil, assim como a própria identidade brasileira, foram criadas, principalmente, por uma diversidade que incluía fatores nativos e exóticos da flora, da fauna, das sociedades e das culturas, assim como englobava o próprio olhar estrangeiro. O problema de se empregar as imagens apenas como ilustração, ou percebê-las de forma fragmentada, resulta na limitação de
sua análise. Ao utilizar a iconografia como fonte primária para estudos de humanidades ambientais é possível fazer uma leitura mais integrada das paisagens pretéritas, destacando conjuntamente aspectos botânicos, geográficos, culturais, entre outros. Destarte, propomos uma análise interdisciplinar sobre as imagens, nas quais buscamos evidenciar a agência compartilhada da flora e do trabalho dos negros/as escravizados/as em conjunto com o olhar estrangeiro. Através dessa abordagem, demonstramos que estas iconografias podem revelar a interação entre agentes humanos e não humanos nos processos de transformação dos ambientes retratados.
Downloads
Referências
- Chamberlain, Henry. Vistas e costumes da cidade e arredores do Rio de Janeiro em 1819-1820. Rio de Janeiro: São Paulo: Livraria Kosmos Editora, [1821] 1945.
- Graham, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país: durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823. São Paulo, Brasiliana, v. 8, [1824] 1956.
- Humboldt, Alexander von. Quadros da Natureza. São Paulo, Editora Brasileira: [1849] 1957.
- Rugendas, Johann. M. Viagem Pitoresca através do Brasil. São Paulo: Círculo do Livro S. A., sin fecha.
- Abreu, Maurício de. Natureza e Sociedade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: SMCTE/ DGDIC/Divisão, 1992.
- Argan, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
- Bandeira, Júlio e Wagner, Robert. Viagem nas Aquarelas de Thomas Ender - 1817- 1818. 3 vol., Petrópolis: ed. Kapa, 2000.
- Besse, Marc. Besse, Jean-Marc. Ver a terra: seis ensaios sobre a paisagem e a geografia. São Paulo, Ed. Perspectiva, 2006.
- Brady, Emily. Aesthetics of the natural environment. Edinburgh University Press, 2003.
- Burke, Peter. Testemunha ocular: o uso de imagens como evidência histórica. 1 ed. São Paulo: Editora Unesp: 2017.
- Cabral, Diogo de Carvalho. Na presença da Floresta: Mata Atlântica e História Colonial. Rio de Janeiro: Garamond/ FAPERJ, 2014.
- Dantes, Maria Amélia M. (ed). Espaços da Ciência no Brasil: 1800-1930. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2001
- Dean, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
- Diener, Pablo. A América de Rugendas: obras e documentos. São Paulo: Estação Liberdade; Kosmos, 1999.
- Gombrich, E. H. História da arte. Rio de Janeiro, LTD, 1999.
- Gomes, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: mocambos, quilombos e comunidades de fugitivos no Brasil (séculos XVII-XIX). São Paulo: Ed UNESP / Ed Polis, 2005.
- Karash, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo, Companhia das Letras, 2000.
- Martins, Luciana. O Rio de Janeiro dos viajantes: o olhar britânico (1800-1850). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
- Naxara, Marcia Regina Capelari. Cientificismo e sensibilidade romântica. Brasília: Editora UNB, 2004.
- Oliveira, Rogério e Lazos, Adi (ed.). Geografia Histórica do Café no Vale do Rio Paraíba do Sul. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2018.
- Plumwood, Val. Environmental Culture: The Ecological Crisis of Reason. London: Routledge, 2002.
- Soares, Luís Carlos. O “povo de Cam” na capital do Brasil: a escravidão urbana no Rio de Janeiro do século XIX. Rio de Janeiro: FAPERJ / 7Letras, 2007.
- Soper, Kate. What is Nature? Oxford: Cambridge: Blackwell Publishers, 1995. Stepan, Nancy. Picturing tropical nature. London: Reaktion Books Ltd, 2001.
- White, Richard. The Organic Machine: the remaking of the Columbia River. New York: Hill and Wang, 1995.
- Wolf, Norbert. Romanticism. London: Taschen, 2007.
- Alimonda, Hector. “La colonialidad de la naturaleza: una aproximación a la ecología política latinoamericana”, en Alimonda, Hector (ed). La naturaleza colonizada: ecología política y minería en América Latina. Buenos Aires: CLACSO, 2011.
- Capilé, Bruno. “Direitos ou privilégios? Os embates nos usos dos rios nas serras do Rio de Janeiro no Segundo Reinado”, en: Sonkajarvi, Hanna; Vital, André Vasquez. (eds). A água no Brasil: conflitos//atores//práticas. São Paulo: Alameda, 2019.
- Cronon, William. “Un lugar para relatos: naturaleza, historia y narrativa”, en: Palacio, Germán y Ulloa, Astrid (eds.) Repensando la naturaleza. Encuentros y desencuentros disciplinarios en torno a lo ambiental. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia/ICANH 2002.
- Diener, Pablo. “Os artistas da expedição de G. H. Langsdorff”, en: Costa, Maria de Fátima; et al. O Brasil de hoje no espelho do século XIX: artistas alemães e brasileiros refazem a expedição Langsdorff. São Paulo: Estação Liberdade, 1995.
- Moraes, Rubens Borba. “Prefácio”, en: Chamberlain, Henry. Vistas e costumes da cidade e arredores do Rio de Janeiro em 1819-1820. Rio de Janeiro: São Paulo: Livraria Kosmos Editora, 1945.
- Siqueira, Vera Beatriz. “Narrativas de Brasil: a Paisagem como Discurso”. Oitocentos – Tomo III, en: Valle, Arthus; Dazzi, Camila; Portella, Isabel (eds). Intercambios culturais entre Brasil e Portugal. 2 edicao/(organizadores) – Rio de Janeiro: CEFET/RJ, 2014.
- Siqueira, Vera Beatriz. “Contrastes naturais: imagens da flora brasileira”, en: Ana Cecília Martins. (eds). Flora Brasileira: História, Arte & Ciência. 1ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2009.
- Williams, Raymond. Ideias de natureza, en: Williams, Raymond. Cultura e materialismo. São Paulo: UNESP, 2011.
- Braga, Isabel Drumond. “Teares, Fios e Tecidos em Viagem: Produções e Exportações da Real Fábrica das Sedas para o Brasil (1734-1821)”, Revista de Artes Decorativas 4, (2010).
- Corrêa, Dora Shellard. “História ambiental e paisagem”, en HALAC – Revista de História Ambiental Latinoamericana y Caribeña. Belo Horizonte, 2, 1 (2013).
- Corrêa, Dora Shellard. “Paisagens através de outros olhares”, Revista de História Regional, 20, 2 (2015).
- Drummond, José Augusto. “O jardim dentro da máquina: breve história ambiental da floresta da Tijuca”, Revista Estudos Históricos, 1, 2 (1998).
- França, Ana Marcela. “As “pitorescas” florestas da Mata Atlântica nas paisagens dos viajantes”, en Revista Labirinto: Editora da Universidade Federal de Rondonia, año XVIII, 29 (2018).
- França, Ana Marcela. “As imagens de paisagem como testemunhos de transformação e memória de áreas de conservação”, Boletín De Estudios Geográficos, 112 (2019).
- Gibson, Diana; Ellis, William. “Human and plant interfaces: relationality, knowledge and practices”, Anthropology Southern Africa, 41 (2018).
- Head, Leslie; Atchison, Jennifer. “Cultural ecology: Emerging human-plant geographies”, en Progress in Human Geography, 33, 2 (2009).
- Hitchings, Russell; Jones, Verity. “Living with plants and the exploration of botanical encounter in human geography research”, Ethics Place Environment, 7 (2004).
- Kury, Lorelai. “Viajantes-naturalistas no Brasil oitocentista: experiência, relato e imagem”, en História, Ciências, Saúde – Manguinhos, VIII (suplemento) (2001).
- Langdon, Robert. “The banana as a key to early American and Polynesian history”, The Journal of Pacific History, 28, 1 (1993).
- Mattos, Cláudia Valadão. “A pintura de paisagem entre arte e ciência: Goethe, Hackert e Humboldt”, Revista Terceira margem, VIII, 10 (2004).
- Moreira, Ildeu de Castro. “O escravo do naturalista: o papel do conhecimento nativo nas viagens científicas do século 19”, Ciência hoje, 31, 184 (2002).
- Oliveira, Rogério Ribeiro de. “Mata Atlântica, paleoterritórios e história ambiental”, Ambiente & Sociedade, 10, 2 (2007).
- Oliveira, Rogério Ribeiro de; Engemann, Carlos. “História da paisagem e paisagens sem história: a presença humana na floresta atlântica do sudeste brasileiro”, Revista Esboços, 18, 25 (2011).
- Peixoto, Ariane Luna; Filgueiras, Tarciso de Sousa. “Maria Graham: anotações sobre a flora do Brasil”, Acta bot. bras., 22, 4 (2008).
- Pereira, Anísio. “Mata Atlântica: uma abordagem geográfica”, Nucleus, 6, 1 (2009): 27-52..
- Pratt, Mary Louise. “Humboldt e a reinvenção da América”, en Estudos Históricos, Rio de Janeiro, 4, 8 (1991).
- Roca, Andrea. “Imagens construtoras da nação: Rugendas e seus desenhos sobre indígenas no Brasil e na Argentina”, Iluminuras, Porto Alegre, 18, 43 (2017).
- Ricotta, Lúcia. “A paisagem em Alexander von Humboldt: o modo descritivo dos quadros da natureza”, Revista Usp, 46 (2000).
- Ryan, John Charles. “Passive Flora? Reconsidering Nature’s Agency through Human Plant Studies (HPS)”, Societies, 2 (2012).
- Sales, Gabriel Paes da Silva e Guedes-Bruni, Rejan R. “Um quebra-cabeça verde: “montando as peças” do reflorestamento empreendido na Floresta da Tijuca”, Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science, 7, 3 (2018): 58-77.
- Schwarcz, Lilia Moritz. “Paisagem e Identidade: a construção de um modelo de nacionalidade herdado do período joanino”, Acervo, 22, 1 (2009).
- Steinberg, Ted. “Down to Earth: Nature, Agency, and Power in History”, The American Historical Review, 107, 3 (2002).
- Worster, Donald. “Para fazer história ambiental”, Revista Estudos Históricos, 4, 8 (1991).
- Capilé, Bruno. Os muitos rios do Rio de Janeiro: transformações e interações entre dinâmicas sociais e sistemas fluviais na cidade do Rio de Janeiro (1850-1889). (Tesis doctoral), Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2018.
- Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Programa REFLORA, http://floradobrasil.jbrj.gov.br
- Brasiliana Iconográfica. https://www.brasilianaiconografica.art.br
- Enciclopédia Itaucultural. http://enciclopedia.itaucultural.org.br
- Biblioteca Nacional do Brasil. http://bndigital.bn.gov.br/