v. 26 n. 2 (2021): Anuario de Historia Regional y de las Fronteras
Artigos

A agência compartilhada de plantas e humanos na elaboração do mosaico de paisagens do Rio de Janeiro oitocentista: uma proposta metodológica

Bruno Capilé
Fundação Biblioteca Nacional
Biografia
Ana Marcela França
Universidad Nacional de Quilmes
Biografia
Gabriel Paes da Silva Sales
Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro
Biografia

Publicado 2021-05-31

Palavras-chave

  • História latino-americana,
  • História da arte,
  • Metodologia,
  • Paisagem,
  • Meio ambiente,
  • Brasil
  • ...Mais
    Menos

Como Citar

Capilé, B., França, A. M., & da Silva Sales, G. P. (2021). A agência compartilhada de plantas e humanos na elaboração do mosaico de paisagens do Rio de Janeiro oitocentista: uma proposta metodológica. Anuario De Historia Regional Y De Las Fronteras, 26(2), 43–74. https://doi.org/10.18273/revanu.v26n2-2021002

Resumo

As iconografias sobre o Rio de Janeiro oitocentista, RJ, Brasil, assim como a própria identidade brasileira, foram criadas, principalmente, por uma diversidade que incluía fatores nativos e exóticos da flora, da fauna, das sociedades e das culturas, assim como englobava o próprio olhar estrangeiro. O problema de se empregar as imagens apenas como ilustração, ou percebê-las de forma fragmentada, resulta na limitação de
sua análise. Ao utilizar a iconografia como fonte primária para estudos de humanidades ambientais é possível fazer uma leitura mais integrada das paisagens pretéritas, destacando conjuntamente aspectos botânicos, geográficos, culturais, entre outros. Destarte, propomos uma análise interdisciplinar sobre as imagens, nas quais buscamos evidenciar a agência compartilhada da flora e do trabalho dos negros/as escravizados/as em conjunto com o olhar estrangeiro. Através dessa abordagem, demonstramos que estas iconografias podem revelar a interação entre agentes humanos e não humanos nos processos de transformação dos ambientes retratados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

  1. Chamberlain, Henry. Vistas e costumes da cidade e arredores do Rio de Janeiro em 1819-1820. Rio de Janeiro: São Paulo: Livraria Kosmos Editora, [1821] 1945.
  2. Graham, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país: durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823. São Paulo, Brasiliana, v. 8, [1824] 1956.
  3. Humboldt, Alexander von. Quadros da Natureza. São Paulo, Editora Brasileira: [1849] 1957.
  4. Rugendas, Johann. M. Viagem Pitoresca através do Brasil. São Paulo: Círculo do Livro S. A., sin fecha.
  5. Abreu, Maurício de. Natureza e Sociedade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: SMCTE/ DGDIC/Divisão, 1992.
  6. Argan, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
  7. Bandeira, Júlio e Wagner, Robert. Viagem nas Aquarelas de Thomas Ender - 1817- 1818. 3 vol., Petrópolis: ed. Kapa, 2000.
  8. Besse, Marc. Besse, Jean-Marc. Ver a terra: seis ensaios sobre a paisagem e a geografia. São Paulo, Ed. Perspectiva, 2006.
  9. Brady, Emily. Aesthetics of the natural environment. Edinburgh University Press, 2003.
  10. Burke, Peter. Testemunha ocular: o uso de imagens como evidência histórica. 1 ed. São Paulo: Editora Unesp: 2017.
  11. Cabral, Diogo de Carvalho. Na presença da Floresta: Mata Atlântica e História Colonial. Rio de Janeiro: Garamond/ FAPERJ, 2014.
  12. Dantes, Maria Amélia M. (ed). Espaços da Ciência no Brasil: 1800-1930. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2001
  13. Dean, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
  14. Diener, Pablo. A América de Rugendas: obras e documentos. São Paulo: Estação Liberdade; Kosmos, 1999.
  15. Gombrich, E. H. História da arte. Rio de Janeiro, LTD, 1999.
  16. Gomes, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: mocambos, quilombos e comunidades de fugitivos no Brasil (séculos XVII-XIX). São Paulo: Ed UNESP / Ed Polis, 2005.
  17. Karash, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo, Companhia das Letras, 2000.
  18. Martins, Luciana. O Rio de Janeiro dos viajantes: o olhar britânico (1800-1850). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
  19. Naxara, Marcia Regina Capelari. Cientificismo e sensibilidade romântica. Brasília: Editora UNB, 2004.
  20. Oliveira, Rogério e Lazos, Adi (ed.). Geografia Histórica do Café no Vale do Rio Paraíba do Sul. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2018.
  21. Plumwood, Val. Environmental Culture: The Ecological Crisis of Reason. London: Routledge, 2002.
  22. Soares, Luís Carlos. O “povo de Cam” na capital do Brasil: a escravidão urbana no Rio de Janeiro do século XIX. Rio de Janeiro: FAPERJ / 7Letras, 2007.
  23. Soper, Kate. What is Nature? Oxford: Cambridge: Blackwell Publishers, 1995. Stepan, Nancy. Picturing tropical nature. London: Reaktion Books Ltd, 2001.
  24. White, Richard. The Organic Machine: the remaking of the Columbia River. New York: Hill and Wang, 1995.
  25. Wolf, Norbert. Romanticism. London: Taschen, 2007.
  26. Alimonda, Hector. “La colonialidad de la naturaleza: una aproximación a la ecología política latinoamericana”, en Alimonda, Hector (ed). La naturaleza colonizada: ecología política y minería en América Latina. Buenos Aires: CLACSO, 2011.
  27. Capilé, Bruno. “Direitos ou privilégios? Os embates nos usos dos rios nas serras do Rio de Janeiro no Segundo Reinado”, en: Sonkajarvi, Hanna; Vital, André Vasquez. (eds). A água no Brasil: conflitos//atores//práticas. São Paulo: Alameda, 2019.
  28. Cronon, William. “Un lugar para relatos: naturaleza, historia y narrativa”, en: Palacio, Germán y Ulloa, Astrid (eds.) Repensando la naturaleza. Encuentros y desencuentros disciplinarios en torno a lo ambiental. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia/ICANH 2002.
  29. Diener, Pablo. “Os artistas da expedição de G. H. Langsdorff”, en: Costa, Maria de Fátima; et al. O Brasil de hoje no espelho do século XIX: artistas alemães e brasileiros refazem a expedição Langsdorff. São Paulo: Estação Liberdade, 1995.
  30. Moraes, Rubens Borba. “Prefácio”, en: Chamberlain, Henry. Vistas e costumes da cidade e arredores do Rio de Janeiro em 1819-1820. Rio de Janeiro: São Paulo: Livraria Kosmos Editora, 1945.
  31. Siqueira, Vera Beatriz. “Narrativas de Brasil: a Paisagem como Discurso”. Oitocentos – Tomo III, en: Valle, Arthus; Dazzi, Camila; Portella, Isabel (eds). Intercambios culturais entre Brasil e Portugal. 2 edicao/(organizadores) – Rio de Janeiro: CEFET/RJ, 2014.
  32. Siqueira, Vera Beatriz. “Contrastes naturais: imagens da flora brasileira”, en: Ana Cecília Martins. (eds). Flora Brasileira: História, Arte & Ciência. 1ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2009.
  33. Williams, Raymond. Ideias de natureza, en: Williams, Raymond. Cultura e materialismo. São Paulo: UNESP, 2011.
  34. Braga, Isabel Drumond. “Teares, Fios e Tecidos em Viagem: Produções e Exportações da Real Fábrica das Sedas para o Brasil (1734-1821)”, Revista de Artes Decorativas 4, (2010).
  35. Corrêa, Dora Shellard. “História ambiental e paisagem”, en HALAC – Revista de História Ambiental Latinoamericana y Caribeña. Belo Horizonte, 2, 1 (2013).
  36. Corrêa, Dora Shellard. “Paisagens através de outros olhares”, Revista de História Regional, 20, 2 (2015).
  37. Drummond, José Augusto. “O jardim dentro da máquina: breve história ambiental da floresta da Tijuca”, Revista Estudos Históricos, 1, 2 (1998).
  38. França, Ana Marcela. “As “pitorescas” florestas da Mata Atlântica nas paisagens dos viajantes”, en Revista Labirinto: Editora da Universidade Federal de Rondonia, año XVIII, 29 (2018).
  39. França, Ana Marcela. “As imagens de paisagem como testemunhos de transformação e memória de áreas de conservação”, Boletín De Estudios Geográficos, 112 (2019).
  40. Gibson, Diana; Ellis, William. “Human and plant interfaces: relationality, knowledge and practices”, Anthropology Southern Africa, 41 (2018).
  41. Head, Leslie; Atchison, Jennifer. “Cultural ecology: Emerging human-plant geographies”, en Progress in Human Geography, 33, 2 (2009).
  42. Hitchings, Russell; Jones, Verity. “Living with plants and the exploration of botanical encounter in human geography research”, Ethics Place Environment, 7 (2004).
  43. Kury, Lorelai. “Viajantes-naturalistas no Brasil oitocentista: experiência, relato e imagem”, en História, Ciências, Saúde – Manguinhos, VIII (suplemento) (2001).
  44. Langdon, Robert. “The banana as a key to early American and Polynesian history”, The Journal of Pacific History, 28, 1 (1993).
  45. Mattos, Cláudia Valadão. “A pintura de paisagem entre arte e ciência: Goethe, Hackert e Humboldt”, Revista Terceira margem, VIII, 10 (2004).
  46. Moreira, Ildeu de Castro. “O escravo do naturalista: o papel do conhecimento nativo nas viagens científicas do século 19”, Ciência hoje, 31, 184 (2002).
  47. Oliveira, Rogério Ribeiro de. “Mata Atlântica, paleoterritórios e história ambiental”, Ambiente & Sociedade, 10, 2 (2007).
  48. Oliveira, Rogério Ribeiro de; Engemann, Carlos. “História da paisagem e paisagens sem história: a presença humana na floresta atlântica do sudeste brasileiro”, Revista Esboços, 18, 25 (2011).
  49. Peixoto, Ariane Luna; Filgueiras, Tarciso de Sousa. “Maria Graham: anotações sobre a flora do Brasil”, Acta bot. bras., 22, 4 (2008).
  50. Pereira, Anísio. “Mata Atlântica: uma abordagem geográfica”, Nucleus, 6, 1 (2009): 27-52..
  51. Pratt, Mary Louise. “Humboldt e a reinvenção da América”, en Estudos Históricos, Rio de Janeiro, 4, 8 (1991).
  52. Roca, Andrea. “Imagens construtoras da nação: Rugendas e seus desenhos sobre indígenas no Brasil e na Argentina”, Iluminuras, Porto Alegre, 18, 43 (2017).
  53. Ricotta, Lúcia. “A paisagem em Alexander von Humboldt: o modo descritivo dos quadros da natureza”, Revista Usp, 46 (2000).
  54. Ryan, John Charles. “Passive Flora? Reconsidering Nature’s Agency through Human Plant Studies (HPS)”, Societies, 2 (2012).
  55. Sales, Gabriel Paes da Silva e Guedes-Bruni, Rejan R. “Um quebra-cabeça verde: “montando as peças” do reflorestamento empreendido na Floresta da Tijuca”, Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science, 7, 3 (2018): 58-77.
  56. Schwarcz, Lilia Moritz. “Paisagem e Identidade: a construção de um modelo de nacionalidade herdado do período joanino”, Acervo, 22, 1 (2009).
  57. Steinberg, Ted. “Down to Earth: Nature, Agency, and Power in History”, The American Historical Review, 107, 3 (2002).
  58. Worster, Donald. “Para fazer história ambiental”, Revista Estudos Históricos, 4, 8 (1991).
  59. Capilé, Bruno. Os muitos rios do Rio de Janeiro: transformações e interações entre dinâmicas sociais e sistemas fluviais na cidade do Rio de Janeiro (1850-1889). (Tesis doctoral), Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2018.
  60. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Programa REFLORA, http://floradobrasil.jbrj.gov.br
  61. Brasiliana Iconográfica. https://www.brasilianaiconografica.art.br
  62. Enciclopédia Itaucultural. http://enciclopedia.itaucultural.org.br
  63. Biblioteca Nacional do Brasil. http://bndigital.bn.gov.br/